Vanessa Sayuri Nakasato
O governo
federal desembolsou, nos últimos 5 anos, cerca de US$
6 milhões de multa para o Banco Internacional de Desenvolvimento
(BID), por não estar utilizando os US$ 250 milhões
disponibilizados para o Programa de Expansão da Educação
Profissional (Proep).
O investimento feito pelo BID equivale à metade dos
recursos destinados ao Proep, que somam, no total, US$ 500
milhões. O restante da verba é originária
do governo federal, sendo 25% do Ministério da Educação
(MEC) e os outros 25% do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT)
e Ministério do Trabalho e Emprego.
O Proep, instituído em 1997, tem por objetivo construir,
reformar e ampliar escolas profissionalizantes, além
de formar e reciclar docentes. Desde que o programa foi criado,
foram inauguradas 110 novas instituições de
ensino em todo o país. No momento, há 233 projetos
em andamento, mas sem previsão de término por
falta de verba.
“Embora o Brasil tenha recebido US$ 250 milhões
do BID, a verba só é liberada quando há
contrapartida do governo federal. Ou seja, o programa só
funciona se os ministérios também entrarem com
sua parte”, explicou o deputado federal Alex Canziani
(PTB-PR).
A multa paga pelo Planalto é a chamada taxa de permanência.
É calculado 0,75% de juros, anualmente, sobre o valor
parado em caixa. Isso significa que quanto menos dinheiro
é usado, maior é o encargo.
Para Canziani, o prejuízo ocorre por falta de priorização
do governo. “Como o PT quer gerar 10 milhões
de empregos se não investe em ensino profissionalizante?
O próprio presidente da República sabe da importância
de um programa como o Proep. Ele cursou o ensino médio
técnico”, lembrou.
Segundo o deputado federal, no final do ano passado, foram
assinados 105 contratos de novos projetos. Esse ano, todos
foram cancelados por não haver verba sequer para iniciá-los.
Se o cancelamento não tivesse sido efetuado, cada um
receberia somente R$ 1 mil. O governo também não
tem protocolado nenhum pedido para análise de inserção
ao programa.
O secretário de Educação Média
e Tecnológica do MEC, Antônio Ibañez Ruiz,
concorda que falta dinheiro para a execução
do Proep. Mas ressalta que seu ministério é
o maior da Esplanada e tem de dividir a pequena fatia do orçamento
em diversas pastas.
“Tenho consciência de que o dinheiro destinado
ao Proep é pouco. Esse ano foram R$ 50 milhões
a muito custo. Por mais que exista interesse em fazer com
que o programa cresça, não há muito a
ser feito com o orçamento limitado”, afirmou
em entrevista ao site GD.
Conforme Ibañez, em 2002, foram pedidos R$ 190 milhões
para o programa. Ao passar pela Secretaria do Planejamento,
esse valor caiu para R$ 130 milhões. O Congresso aprovou
apenas R$ 70 milhões e, em cima disso, houve contingência
de R$ 20 milhões. “Não podemos nos esquecer
de que o recurso do Proep de 2003 foi aprovado no governo
passado”, alfinetou.
O secretário conta que a taxa de permanência
paga pelo governo federal, até agora, só não
foi maior porque o BID não cobrou a multa no ano passado
e nem neste ano. “Espero que não cobre”,
disse.
Na próxima quarta-feira, deputados e senadores farão
uma manifestação suprapartidária no Congresso
Nacional em busca de mais verba para o Proep em 2004.
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