O Brasil e a França devem
assinar amanhã em Genebra, na Suíça,
o primeiro documento oficial referente à criação
do Fundo Internacional de Combate à Pobreza. A declaração,
que vai dar apenas as linhas gerais do fundo, servirá
de base para que os signatários e o secretário-geral
das Nações Unidas, Kofi Annan, consigam atrair
novos parceiros.
A informação é de Marco Aurélio
Garcia, assessor para assuntos internacionais de Lula: "Queremos
incorporar na agenda as questões sociais". Para
ele, a inclusão do tema poderá até facilitar
a atuação do G20 (grupo de países em
desenvolvimento) na Organização Mundial do Comércio.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deixou ontem
a Índia -onde passou quatro dias- e rumou para Genebra
(Suíça), onde tem encontros agendados com: o
presidente francês, Jacques Chirac; o secretário-geral
da ONU, Kofi Annan; dois ex-dirigentes do FMI, Michel Camdessus
e Jacques de la Rosière; e empresários.
Garcia disse que, desde que Lula lançou a idéia,
há um ano no Fórum Econômico Mundial,
ainda não houve ação concreta. A declaração,
ainda que vaga, pode ser o primeiro passo. O governo se animou
pelo fato de o Reino Unido ser simpático à proposta.
O Brasil, afirma Garcia, não vai chegar à reunião
com uma regra fechada sobre financiamento do fundo: "Isso
poderá atrapalhar a adesão de outros países",
disse. Há algumas propostas para custear a entidade,
como a idéia de uma espécie de CPMF internacional
proposta por Lula, que recebeu críticas de diversos
organismos, como a União Européia.
Atração
O presidente Lula vai experimentar pela primeira vez, em Genebra,
uma nova estratégia da sua política externa:
a atração de investimentos por parte de grandes
empresas estrangeiras.
A maior novidade é que o próprio Lula participará
das reuniões com presidentes de multinacionais da Coréia,
China e Europa. Os ministros Luiz Fernando Furlan (Desenvolvimento)
e Antonio Palocci Filho (Fazenda) também estarão
presentes aos encontros. Celso Amorim (Relações
Exteriores), Walfrido Mares Guia (Turismo) e Guido Mantega
(Planejamento), que integraram a comitiva presidencial na
Índia, estão escalados para a reunião.
Já foram confirmadas reuniões com executivos
da Telefónica e da Nestlé. Lula participará
de uma reunião plenária com representantes de
220 empresas, das quais 50 são multinacionais. A idéia
de aproximar Lula de grandes empresários foi idealizada
pelo Departamento de Promoção Comercial do Itamaraty.
"A idéia é expor mais o Lula para que ele
fale e ouça mais os grandes empresários",
disse o embaixador Mário Vilalva, diretor do departamento.
Da mesma forma como fez na Índia, Lula dirá
aos empresários que o Brasil é um país
seguro para investimentos e que o governo busca parcerias
com o setor privado para a construção de obras
de infra-estrutura. A ferramenta para isso será a Parceria
Público-Privada (PPP), que cria instrumentos para assegurar
o cumprimento dos contratos. A PPP ainda aguarda aprovação
do Congresso, mas isso deverá ocorrer em breve.
GABRIELA ATHIAS
Enviada especial da Folha de S. Paulo a Nova Déli
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