BRASÍLIA
(DF) - Depois de conseguir os R$ 4,3 bilhões necessários
para o Fundo de Desenvolvimento da Educação
Básica (Fundeb), o ministro da Educação,
Tarso Genro, voltou à carga para pedir mais recursos
para sua área.
Às vésperas de sair de férias, ele divulgou
um levantamento do Instituto de Pesquisas Econômicas
Aplicadas (Ipea) mostrando que o gasto por aluno do ensino
fundamental no Brasil é pífio, especialmente
quando comparado a outros países, tanto desenvolvidos
quanto na América Latina.
Os dados são de 1999, mas o próprio Ministério
da Educação admite que não houve mudanças
substanciais nos últimos cinco anos. O valor por aluno
no ensino fundamental é de R$ 691 por ano.
Entre cinco países desenvolvidos e outros cinco da
América Latina, o Brasil está em último
lugar, perdendo até mesmo para o Paraguai, reconhecidamente
mais pobre, mas que investe R$ 754. A Argentina gasta R$ 1,4
mil e o México, R$ 943.
"É uma absoluta infelicidade daqueles que dizem
que o Brasil já gasta demais em educação.
É inadmissível dizer isso quando há no
Nordeste professores ganhando R$ 200 por mês e 70% dos
estudantes brasileiros não conseguem chegar nem no
ensino médio", disse o ministro.
Discussão
Apesar de Tarso se recusar a explicar a quem se referia, o
recado tinha endereço claro: o secretário do
Tesouro, Joaquim Levy, que vem dizendo que o País não
precisa de mais recursos para melhorar a qualidade na educação.
Levy desenvolveu uma teoria de que o Brasil não precisa
de mais, mas sim de gastar melhor o que tem.
Segundo ele, o recurso é perdido especialmente no
financiamento do ensino superior, que daria pouco retorno
para o que custa. Um dos argumentos seria o fato do País
gastar 4,3% do Produto Interno Bruto (PIB) com educação,
percentual maior do que o do Japão - que investe R$
4,5 mil por ano para cada aluno do ensino fundamental - e
semelhante ao da Coréia do Sul (R$ 2,4 mil por aluno).
Apoio
Tarso terminou por receber um apoio involuntário do
representante da Organização das Nações
Unidas para a Educação, Ciência e Cultura
(Unesco) no Brasil, Jorge Werthein. De Paris, Werthein soube
da decisão do presidente Luiz Inácio Lula da
Silva em apoiar o Fundeb e elogiou a medida, ao mesmo tempo
que cobrou um avanço ainda maior.
"Não se pode comparar o percentual do PIB que
o Brasil gasta com o da Finlândia, o Japão ou
qualquer outro País desenvolvido. Esses países
não têm mais analfabetos, têm quase todos
os jovens no ensino médio e superior, têm professores
com salários quatro ou cinco vezes, pelo menos, maiores
que os dos brasileiros. Esses países já fizeram
um investimento maciço que o Brasil nunca vez",
disse Werthein.
O País, afirma o representante da Unesco, está
atrasado nesse investimento e a criação do Fundeb
é apenas um primeiro passo necessário.
As informações são da Agência Estado.
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