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espetáculo em xeque
31/12/2003
BC revê projeção, e PIB deve crescer só 0,3%

O Banco Central reduziu a sua projeção de crescimento da economia neste ano pela quarta vez. A estimativa de expansão, que em janeiro era de 2,8%, passou ontem para 0,3%. A previsão anterior, divulgada pelo BC em setembro passado, era de 0,6%.

A nova redução da projeção é resultado do fraco desempenho da economia no terceiro trimestre, quando o PIB (Produto Interno Bruto, total de riquezas produzidas pelo país) cresceu somente 0,4% em relação aos três meses anteriores. "Esse resultado frustrou, em parte, as expectativas para o período", afirma o BC.

A avaliação consta do Relatório de Inflação, documento contendo projeções para a economia brasileira que é produzido pelo BC a cada três meses.

A estagnação da economia só não será mais forte por causa das exportações, que, de acordo com o BC, devem fechar o ano com um aumento de 16,5% em relação aos números de 2002, contribuindo para o aquecimento do nível de atividade. "A demanda interna deverá registrar significativa retração [em 2003]", diz o documento do BC.

Em junho, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva havia prometido para este ano o que chamou de "espetáculo do crescimento". Ao anunciar projeções pouco animadoras para o desempenho da economia, o diretor de Política Econômica do BC, Afonso Bevilaqua, evitou fazer comentários diretos sobre a promessa de Lula. "É o crescimento. Se é um espetáculo ou não, cada um é que vai definir", disse Bevilaqua.

Para que a projeção de 0,3% se concretize, é preciso que a economia cresça 2% no último trimestre deste ano, comparando-se com igual período de 2002.
Concretizada a estimativa do BC, o crescimento deste ano não será suficiente para acompanhar o aumento da população do país, que deve ser de cerca de 2%.

Será também o menor índice de expansão desde 1998, no auge do reflexo das crises asiática e russa, quando a economia brasileira cresceu apenas 0,13%.

Para 2004, o BC prevê que o crescimento econômico chegue a 3,5%. Essas projeções supõem que a cotação do dólar se estabilize em R$ 2,94 e que os juros básicos da economia se mantenham em 16,5% ao ano.

Já a inflação, medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), deve ficar em 9,1% em 2003. Isso significa que, pelo terceiro ano consecutivo, a meta fixada pelo CMN (Conselho Monetário Nacional) não será atingida. Neste ano, o objetivo era manter a alta dos preços em 4%, admitindo-se um desvio de até 2,5 pontos percentuais.

Desde o início do ano, porém, o BC dizia que não seria possível atingir essa meta, já que a crise enfrentada pelo país a partir de 2002 provocou um forte aumento dos preços. Assim, passou a trabalhar com uma meta de 8,5%.

O chefe do Departamento de Estudos e Pesquisas do BC, Marcelo Kfoury, disse que "houve um resultado ruim do PIB" neste ano, mas que os números seriam ainda piores se o BC tivesse tentado manter a inflação nos 4% previstos pela meta anterior. Isso teria provocado, segundo Kfoury, elevações ainda mais fortes na taxa Selic, que, no primeiro semestre, chegou a 26,5% ao ano.

Um dos riscos para a concretização das previsões de melhora em 2004, segundo o BC, é a possibilidade de uma elevação dos juros norte-americanos (hoje em 1% ao ano). Isso poderia fazer com que investidores tirassem seu dinheiro de países emergentes para aplicá-lo nos EUA.

Assim, seria pressionada a taxa de câmbio no Brasil. Com o real desvalorizado, a inflação tenderia a subir. Para conter a alta dos preços, o BC poderia ser levado a elevar os juros, prejudicando a retomada do crescimento econômico. O BC diz, porém, que é "baixa a probabilidade" de que isso aconteça no curto prazo.


As informações são da Folha de S. Paulo.

   
 
   
 

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