"Gostaria de salientar como
intróito do meu pensamento que o grupo político
do atual governador, José Serra, está há
12 anos à frente da educação do Estado
de São Paulo e, como resultado do trabalho por eles
desenvolvido, estamos entre os últimos estados em nível
de qualidade de ensino do Brasil.
Esse grupo de políticos jamais
veio ao público se desculpar por esse crime de lesa-pátria
contra o futuro da juventude. Não vemos jornais se
manifestarem, muito menos redes de televisão. A educação
é assunto menor no nosso país. Por isso somos
um país menor.
Segundo, pensar que a culpa da tragédia do ensino paulista
é a dedicação pífia dos educadores
é reflexo da mentalidade cínica e hipócrita
da geração PSDB que atormenta o país.
Privatizem as escolas de uma vez como
fizeram com o país, transformando-as em lojas de departamento.
Escolas centros de cidadania? Não, isso seria muito
perigoso pra eles. O problema é produtividade. Professoras
incompetentes e preguiçosas! O governador está
falando de resultados esperados dos educadores quando ele
mesmo não oferece segurança para os educadores
trabalharem e voltarem vivos para casa.
Ou seja, como toda a conhecida linha
de pensamento e ação tucana, querem fazer acreditar
que vivemos na Suíça, e que os problemas do
país são simples problemas de operação
micro-econômica de uma loja de departamentos. Cínicos,
somos um país de crianças violentadas pela fome
e pela criminalidade oficial e extra-oficial.
Nossos alunos já chegam
a pré-escola com problemas fundamentais de comprometimento
do aprendizado causados pela fome e violência. São
crianças que saem de barracos úmidos e fedorentos.
Em qualquer país sério da Europa, o grupo do
governador Serra não teria passado do primeiro ano
de mandato. E para não ser injusto ou acusado de perseguição
política, diria que nem ele e nem 99% dos gestores
do executivo público brasileiro. Inclusive, infelizmente,
o atual presidente Lula.
A educação continua sendo tratada como perfumaria
na mão de políticos perfumistas, e não
chefes de Estado imbuídos de responsabilidade pública."
Herbert Bierwagen
- herbertbierwagen@yahoo.com.br
"Escrevo para dizer que concordo
plenamente com a intenção da Maria Helena Guimarães.
Somente premiando quem merece é que, um dia, teremos
condições de dizer que realmente somos “brasileiros
com muito orgulho e com muito amor”, frase que cansei
de ouvir durante o Pan.
Mas o fogo é que li, em uma
edição não muito antiga da CartaCapital,
que a profissão de professor corre sério risco
de entrar em processo de extinção. Uma das minhas
irmãs leciona em uma escolinha estilo pré. Ela
me diz que, entre seus alunos, menos de 5% dizem que querem
ser professor quando crescer.
Tenho certeza de que há algumas
décadas esse índice era bem, bem maior. Ou seja,
se bobear, em um futuro não muito longe, teremos déficit
de professores - o que seria lamentável.
Parabéns pelo seu contínuo
trabalho em busca de uma educação de qualidade
para o Brasil. São pessoas como você que ainda
me dão esperanças de que nosso Brasil, um dia,
mudará para melhor."
Eduardo Athayde
- eathayde@hotmail.com
"Gostaria de dizer-lhe que a idéia da secretária
de Educação é muito bem-vinda. Sou professor
universitário e acredito que esta cultura de premiação
dos melhores deveria existir para alunos e professores.
Como professor, tenho a experiência
de dedicar-me ao máximo por gostar do que faço.
No entanto, vejo colegas acomodados e não interessados
em ensinar. Vejo como isso prejudica os alunos e como afeta
o trabalho dos professores dedicados.
Sem falar nas correções de aprendizado dos alunos
que ainda somos obrigados a realizar para que eles não
sejam prejudicados. Ou seja: trabalhamos em dobro.
Acredito que a premiação
possa ajudar. No entanto, a minha visão é de
que deve ser reformulada, para os professores de escolas públicas,
a estabilidade no emprego. A estabilidade deve ser casada
com a eficiência do serviço prestado e não
servir como escudo para o mal profissional.
É preciso modificar a cultura
educacional pública (e privada também, que a
universidade privada também tem seus males) de maneira
completa. Se o governador Serra fizer isso na escola pública
fundamental e média, iniciará uma revolução
na educação. "
Drauzio Antonio Rezende Junior
- draj@uol.com.br
"Seu artigo de um programa
de valorização proposto pela secretária
de Educação de São Paulo, e sugere as
dúvidas que o governador Serra teria em implementá-lo
– com os possíveis desgastes políticos.
Daí é que surge
minha pergunta: o Governo Federal não lançou,
recentemente, o chamado PAC da Educação, o qual
inclui tratamento diferenciado aos municípios e/ou
escolas que apresentarem com maior eficácia? Esse tratamento
diferenciado não significa mais recursos para os mais
eficientes? O Governo Federal avaliou os possíveis
desgastes políticos?"
Rogério Abreu, Belo Horizonte (MG)
- namir.lima@uol.com.br
"O problema desse sistema é o incentivo às
fraudes e a corrupção dentro do próprio
sistema. Já é ridículo o quão
fácil um aluno termina o ensino médio; basta
ele freqüentar as aulas."
Francisco Barciella
- barciella@gmail.com
"Professores mal pagos e não reconhecidos devidamente
não farão um bom trabalho. Infelizmente, o país
vive um retrocesso diário com atitudes medíocres
e insanas.
Lamento dizer, mas nenhum país
conseguiu crescer sem investir em conhecimento e educação.
Se quisermos crescer efetivamente, antes de mais nada, será
necessário abarcar o aprendizado de qualidade."
Fernando Henrique -
fernandooliveira@martinelli.adv.br
"Trocando idéias
sobre a educação, gostaria de saber sobre a
responsabilidade dos pais e sobre o que poderia ser feito
a esse respeito.
A rádio Jovem Pan abriu seu microfone para que professores
dessem seus depoimentos. Não raro, os profissionais
reclamam de falta de apoio dos pais - não apenas o
incentivo, mas ouvi um caso em que o professor disse que pegava
no pé de um aluno que não estava interessado,
até que o pai do garoto foi questionar o professor
porque ele "brigava" com seu filho. O educador emendou
"isto é, o aluno é uma coisa dentro de
casa e outra fora. O pai não conhece o que o aluno
faz na escola".
Fico muito triste em pensar que os professores, que já
se vêem trabalhando em condições precárias,
também não tenham estímulo da sociedade,
especialmente dos pais - em teoria, os principais interessados
na educação dos seus filhos."
Bárbara Mayumi
- barbara_mayumi@yahoo.com.br
"Sobre a coluna "Serra terá coragem?",
sugiro a leitura do artigo da revista "The Economist"
sobre a proposta de Milton Friedman (Nobel da Economia), intitulada
como os “Vouchers Educacionais”. Na minha opinião,
a idéia de Friedman é melhor que a proposta
da Maria Helena Guimarães."
O artigo original:
http://www.economist.com/world/international/displaystory.cfm?story_id=9119786
Uma tradução:
http://www.pliber.org/livre_para_escolher_e_aprender
movimento@pliber.org
"Sou educadora, pesquisadora
e coordeno um projeto sobre "Gestão e Sucesso
Escolar", com apoio financeiro do CNPq. Entre 2003 e
2005 fui secretária de Educação do Ceará,
onde desenvolvemos sistema de premiação para
as escolas com melhor desempenho, o que ocorreu nos anos de
2005 e 2006 (Premio Escola Destaque).
Concordo com seus comentários sobre as possíveis
dificuldades em implantar a interessante e desafiadora proposta
da secretária Maria Helena. Entretanto, a experiência
me ensinou que a forma como tais iniciativas chegam à
comunidade escolar é determinante de seu sucesso ou
inviabilidade, tanto no Brasil como no resto do mundo.
Avaliação escolar é uma cultura. Gestores
e professores nem sempre estão preparados para interpretar
resultados e lidar com indicadores. Isto precisa ser ensinado
e a premiação, quando feita com a pedagogia
adequada, pode representar grande estimulo para a escola.
No momento, estou nos Estados Unidos. Tenho acompanhado muito
de perto o caso de uma amiga cujo filho terminou a Elementary
School e agora, deve ir para a Middle School. Ela, uma pessoa
sem curso superior, está a procura de uma escola com
bom resultado no sistema de avaliação do estado.
Sabe quais são as escolas bem e mal avaliadas. Aqui,
em princípio, as crianças não são
matriculadas longe de sua área de residência,
o que pode representar um drama para os pais que desejam melhor
educação para seus filhos. Ela insiste em querer
uma escola B para seu filho...
O Brasil hoje possui condições para fazer chegar
a escola pública uma educação de melhor
qualidade. Temos um sistema de avaliação nacional
por escolas e vários estados, como São Paulo
e Ceará têm seus próprios sistemas de
avaliação.
Tomara que Serra tenha vontade política para fazê-lo.
Se lembrarmos sua obstinação em quebrar a patente
do medicamento da AIDS temos razão para ser otimistas.
Maria Helena e sua equipe merecem aplauso por esta iniciativa."
Sofia Lerche Vieira,
Professora Titular da Universidade Estadual do Ceará
- sofialerche@yahoo.com.br
"Já li muitos de
seus artigos na Folha, inclusive sobre a premiação
nas escolas que apresentam melhores resultados. Concordo que
boas experiências devem ser premiadas, incentivadas,
divulgadas, mas me parece que apenas estimular a competição
não resolverá o problema da educação.
Acho que uma boa medida para começar
a resolver o problema da educação brasileira
seria visitar as escolas, sem propaganda nem festa. Conhecer
o verdadeiro cotidiano das escolas para saber o que realmente
acontece, pois parece que a maioria das pessoas que acha que
sabe a solução para os problemas da educação
há muito tempo não entra numa sala de aula de
uma escola pública carente."
Cícero Bandeira, Quixadá
(CE) – cicerobandeira@yahoo.com.br
"Acreditamos que José
Serra, governador de São Paulo que teve coragem e fibra
suficientes para enfrentar a "máfia" da indústria
farmacêutica para implantar os genéricos, terá
o mesmo comportamento para concretizar o objetivo de dar mais
dinheiro às escolas com base no desempenho dos alunos."
alfaya@estadao.com.br
"Apoio plenamente a remuneração dos professores
conforme seus desempenhos. Devemos, sim, premiar professores
que conseguem bons resultados. Sugiro mais: o aluno poderia
ser premiado também. Minha sugestão é
fazer como é feito em alguns cursinhos, em que alunos
são separados de classe de acordo com seus desempenhos.
Em cada bairro e cidade do interior
deveria haver uma sala de aula por série, onde estudariam
os melhores alunos da região (o professor deveria também
ser escolhido por desempenho). O conteúdo seria o mesmo,
porém o convívio entre os melhores alunos estimularia
o ensino."
Antonio Gerassi Neto
- Aneto@sp.senac.br
"Concordo que premiar a
escola em razão do número de alunos aprovados
sem premiar o esforço do professor seja injusto, uma
vez que a escola não existe sem ele. O nome da instituição
é feito pelos professores, aqueles que são mestres
por vocação e dedicam sua vida à tarefa
de mostrar a luz do conhecimento a todos que o queiram conhecer."
Maria Amélia
- MariaAmelia@mec.gov.br
"Vejo com bastante apreensão a questão
de premiar o professor pela sua produtividade. Temos de levar
em conta a estrutura rígida do sistema escolar.
Estamos, ainda, muito atrasados na
organização do ensino. Só para dar um
exemplo, a grade das disciplinas escolares com quatro aulas
de português, quatro de matemática, três
de ciências, etc., não dá mais respostas
ao atual estágio de globalização do país.
Precisamos organizar a aprendizagem
por meio de projetos pedagógicos, os quais durariam
de dois a três meses, e com uma avaliação
sistemática no final.
Como segundo ponto, acho que toda escola de princípio
deve competir com ela mesma. Então, o histórico
da qualidade de ensino desta escola é fundamental."
Gustavo Varella Amorim -
guto.varella@terra.com.br
"Li seu artigo sobre a idéia
da secretária de Educação e não
sei como isso funcionaria. No serviço público,
existe a isonomia: remuneração igual para funções
iguais. Embora demagógico, esse princípio tem
adeptos até na iniciativa privada e se tornou uma forma
de paralisar qualquer iniciativa produtiva.
Não sei se a questão
exige coragem ou vontade de dar uma sacudidela no marasmo
do ensino público. Será que interessa ao governador
tomar essa iniciativa? Iniciativa que, com certeza, não
vai agradar ao PT."
João Carlos Viegas,
Niterói (RJ) - viegas@jjn.microlink.com.br
"Penso que esta atitude,
premiar os melhores professores, seja segregadora pelo simples
fato de "premiar" a instituição com
o sucesso de alguns alunos. Essa iniciativa poderia até
mesmo elevar o nível educacional por estarmos inseridos
em uma lógica do capital, na qual a competição
está sempre presente.
Mas vejo, no entanto, essa atitude
como um grande estímulo a competição
capitalizada. O x da questão é dividir e repartir,
e não concentrar."
Altamiro Braga - baleiro@click21.com.br
"Talvez você tenha
razão quando escreve que quem acha que “impossibilidade
de premiar o mérito e punir o erro acaba por gerar
falta de estímulo, é um pacto de mediocridade”.
Somos medíocres, pequenos, vis, quando discordamos
(já discordei inúmeras vezes) de tais políticas?
Estou aposentada há pouco tempo,
lidei com estudantes de todas as classes sociais, da educação
infantil ao segundo grau, incluindo aí alfabetização
de adultos e educação especial. Vale dizer:
como professora. A maior parte do trabalho, no entanto, foi
com o pessoal de vilas e favelas.
São realidades tão distintas
que o professor tem que se transformar para se inserir no
contexto. A tendência é que haja maior dificuldade
de aprendizagem com alunos pobres, ou miseráveis. A
política de resultados imediatos não perdoa.
Assim, será até natural que haja premiações
indevidas.
Professores de classes “melhores”
(nem toda escola trabalha com a questão da heterogeneidade)
têm um percentual significativo de estudantes com maiores
chances de desenvolvimento, o que não quer dizer que
aquela outra classe não prossiga, apenas há
a diferenciação.
Enquanto uma está no ponto
“b” a outra se encontra no ponto “n”.
Enquanto a segunda corre, a primeira caminha acintosamente,
o que não quer dizer que a classe e professores não
tenham méritos. No percurso há vários
percalços. Sapato sem meia deixa calos. Professores
calejados não serão premiados, com algumas exceções.
Com elas vem o alarde.
O prêmio é política
de exceção para professores. Talvez, se houvesse
um prêmio coletivo, a avaliação conjunta,
observando a comunidade e o início do processo, com
certeza, funcionaria. Logicamente, há quem gosta de
escorar, com o perdão da palavra. Não há
conjunto, nem no seio dos sindicatos, que admita certas atitudes.
Assim, existirá o "cansei,
canssei, cancei" apenas na linguagem falada, porque na
pronúncia ainda será “canssei”.
Os nossos ouvidos não acompanham a regra. A palavra,
no entanto, não fugirá da mente de quem sabe
trabalhar.
Quanto ao contrato do dono da
livraria, uma bibliotecária talvez servisse para cobrir
o espaço, quem sabe um mestre em ortografia. Será
que o anúncio está correto?"
Modesta Trindade Theodoro
- anarquia2004@uol.com.br
"Como leitor seu, admiro
seus questionamentos e a importância deles para nos
fazer pensar qual a melhor solução para os nossos
problemas. Agora, em alguns momentos e situações
nos fazem acreditar que o silêncio é a melhor
resposta.
Existem funcionários públicos
exemplares, já outros, nem tanto, assim como em qualquer
profissão. Entretanto, o seu artigo acompanhado da
pergunta " Serra terá coragem?" soa como
a minha resposta, o silêncio é o mais justo para
com todos.
Méritos à parte, capacidade
de trabalho são recompensados de várias maneiras.
Como o setor público é um monopólio,
pago pelos cidadãos por meio de seus impostos, fica
difícil avaliar sem cometer enganos ou distorções.
Colocar o governador na parede sem
que ao menos ele saiba disso é, sem dúvida,
a pior forma de avaliar qualquer que seja a intenção,
ainda mais sendo ela apenas uma cogitação."
Cláudio Martins Olesko,
São Paulo (SP) - cmolesko@uol.com.br
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