O dossiê
contra José Serra conseguiu manter animado o debate
sobre corrupção no país. Dessa vez lançam-se
duas suspeitas: o envolvimento da alta cúpula do PT
num jogo sujo de chantagens e a eventual participação
do ex-ministro da Saúde em falcatruas. São apenas
suspeitas, não há, por enquanto, nenhuma comprovação
contra Serra ou contra a direção do PT. Vai-se
discutir, por muito tempo, esse tema -- e aí está
um dos piores efeitos dos sanguessugas em particular e da
corrupção, em geral.
Mais do que o dinheiro que a corrupção custa
ao Brasil, a bandalheira tem uma conseqüência terrível:
o tempo usado pelos políticos para investigar desvios
de recursos ou mesmo para buscar apenas os holofotes. Imagine
essa mesma intensidade investigatória drenada para
debater com mais profundidade os problemas nacionais, averiguar
eventuais saídas e apressar votações.
Sabe-se que está, em parte, nas mãos do Congresso
empreender reformas, capazes de acelerar o crescimento econômico,
racionalizar os gastos públicos, combater desperdícios.
São questões urgentes e gravíssimas.
Não deveriam ter tempo a perder.
A corrupção custa dinheiro, desmoralização
da política, desmotivação da máquina
pública, estímulo à delinqüência.
Mas também custa muito tempo que poderia estar sendo
empregado em tarefas urgentes nas áreas da educação,
segurança, infra-estrutura e assim por diante: isso
é o pior dos sanguessugas.
Coluna originalmente
publicada na Folha Online, editoria Pensata.
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