Uma escola
estadual da cidade de São Paulo (Carlos Maximiliano)
estava com vários andares ociosos e estava ameaçada
de ser fechada por falta de alunos. No ano passado, decidiu-se
ocupar as salas vazias para dar aulas de cursos técnicos,
que só não se expandiam por falta de prédios.
Uma ideia simples, óbvia, acabou produzindo o que pode
ser encarado com milagre na administração pública.
A escola que realizou aquela experiência (mais detalhes
neste
link) não sabia, mas estava apresentando uma solução
que economizou dezenas de milhões de reais --e vai
economizar mais dezenas de milhões de reais nos próximos
anos. Um levantamento mostrou que havia, no Estado de São
Paulo, centenas de colégios em situação
semelhante e se decidiu, em vez de erguer prédios para
mais escolas técnicas, utilizar as salas vazias.
Além da economia de dinheiro, ganham as escolas regulares,
que passam a oferecer um importante atrativo para seus alunos,
aproximando-os do mercado de trabalho. Tudo isso só
ocorreu porque foi a comunidade que, ao tentar salvar aquela
escola estadual, atraiu os cursos técnicos.
Está aí uma boa lição aos políticos
e administradores públicos, a maioria deles viciados
em inaugurações para chamar a atenção:
muitas vezes, menos obra significa mais ensino. Desperdiça-se
pela incapacidade de juntar espaços, tarefas e programas.
Porque não se pensa nisso, investiu-se e se investe
tão pouco na formação dos professores,
que não aparece --mas em obras que chamam a atenção
do leitor.
Coluna originalmente publicada na
Folha de S.Paulo, editoria Cotidiano.
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