A principal
marca social do governo Lula é uma obra de Fernando
Henrique Cardoso: o Bolsa-Família. Nenhum problema
nisso. O presidente tratou de aglutinar os vários programas
já existentes e ampliá-los. Ficou melhor do
que era, mas até mesmo a idéia de criar um cadastro
único com foco na família já estava delineada.
Existe, agora, a chance de criar a melhor das bolsas.
Está previsto o lançamento, no próximo
dia 5 de setembro, de uma bolsa de R$ 30,00 mensais para jovens
entre 15 e 17 anos que continuem estudando. Calcula-se que
a medida vá beneficiar 1,7 milhão de adolescentes,
a maioria dos quais, segundo as estatísticas, deixam
a escola.
A vantagem desse estímulo é óbvia. Muitos
dos programas de distribuição de renda chegam
a adultos danificados pela pobreza e com poucas possibilidades
de inserção no mercado de trabalho. Quando se
mantém o jovem na escola, além de tirá-lo
da rua e reduzir o seu risco de envolvimento com a violência,
pode-se apostar (pelo menos apostar) que ele vá ter
menos dificuldade de obter um emprego. Isso se o dinheiro
for combinado com uma série de ações
complementares, como reforço escolar e atividades extracurriculares
que levem à profissionalização. Do contrário,
serão apenas mais dois anos de educação
pública ruim.
Se o ideal dos projetos de renda mínima é gerar
indivíduos autônomos (o que é uma deficiência
do Bolsa-Família), a ajuda ao adolescente é
o caminho mais sustentável para que se vire sozinho,
sem precisar da assistência pública. É,
portanto, a melhor das bolsas.
Coluna originalmente
publicada na Folha Online, editoria Pensata.
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