O governo
vai aumentar para R$ 1.500 por ano o subsídio aos empresários
dispostos a contratar jovens pelo Programa Primeiro Emprego.
No caso das grandes empresas, a decisão equivale a
mais do que dobrar o valor do benefício, fixado para
elas atualmente em seis parcelas anuais de R$ 100 por jovem
contratado.
O texto da medida provisória, resultado de mais de
um mês de negociações no Planalto, não
faz mais distinção entre pequenas, médias
e grandes empresas. As que se dispuserem a empregar jovens
carentes de 16 a 24 anos receberão seis parcelas bimestrais
de R$ 250, referentes a cada um deles. Atualmente, somente
as empresas com faturamento anual de até R$ 1,2 milhão
têm direito a receber seis parcelas de R$ 200 --R$ 1.200
por ano.
Lançado em junho do ano passado pelo presidente Luiz
Inácio Lula da Silva como uma das prioridades de seu
governo, o Programa Primeiro Emprego ainda não deslanchou.
Até o final de abril, o Ministério do Trabalho
contabilizava 707 jovens contratados no Primeiro Emprego,
não necessariamente com os subsídios já
liberados para seus empregadores. A meta do programa era alcançar
até o final do ano 250 mil jovens cuja renda familiar
fosse de até meio salário mínimo por
pessoa.
Segundo o Siafi (sistema de acompanhamento de gastos federais),
dos R$ 189,1 milhões destinados ao programa, menos
de R$ 82 mil haviam sido pagos até 8 de abril. E a
maior parte do dinheiro bancou despesas com diárias
do pessoal encarregado de preparar o lançamento do
Primeiro Emprego em 140 cidades do interior.
São várias as regras do programa que mudam
na nova versão do Primeiro Emprego. Na tentativa de
atrair o apoio de empresários, o governo derrubou a
exigência de que eles mantivessem o mesmo número
de empregos pelo prazo mínimo de um ano.
A adesão do empresariado ainda é baixa. Dos
765 mil empresários convidados a participar do programa
por meio de carta do Ministério do Trabalho, apenas
2.200 se inscreveram para contratar jovens.
Monitoramento
Para impedir que o Primeiro Emprego leve à substituição
de trabalhadores por jovens admitidos com subsídio
da União, a medida provisória prevê que
as empresas serão monitoradas. Os jovens contratados
pelo programa não poderão ultrapassar 20% da
folha de salários das empresas.
A primeira parcela do subsídio poderá ser paga
já no primeiro mês de adesão. Conforme
a Folha informou no mês passado, os primeiros pagamentos
só foram liberados em março, embora o programa
já fosse lei desde outubro do ano passado.
Também será admitida a contratação
de jovens que já tenham concluído o ensino médio.
Originalmente, as vagas estavam reservadas aos jovens que
combinassem trabalho e estudo e se comprometessem a concluir
o segundo grau. O Primeiro Emprego permitirá ainda
a contratação por prazo determinado, desde que
o período mínimo seja de um ano.
Dados do Ministério do Trabalho indicam que 45% dos
desempregados do país estão concentrados na
faixa entre 16 e 24 anos. Daí a preocupação
com medidas para estimular a contratação de
jovens ainda sem experiência.
As mudanças no Primeiro Emprego fariam parte do pacote
de medidas que Lula anunciaria no 1º de Maio, mas, como
elas não ficaram prontas a tempo, o lançamento
foi abortado.
MARTA SALOMON
da Folha de S.Paulo
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