Inseguros
diante de um mercado de trabalho cada vez mais fechado, os
jovens descobrem, cada vez mais, o valor do estágio
como passaporte para a conquista do primeiro emprego. Essa
confiança não deve ser creditada apenas ao natural
otimismo da idade, mas decorre, em grande parte, de alguns
fatos que os entrevistados constatam na prática.
O mais estimulante deles é que 67% dos estagiários
são efetivados pelas empresas depois de concluído
o período de treinamento.
Esse número foi obtido em pesquisa realizada em 2003
pela InterScience Informação e Tecnologia Aplicada,
com 626 estudantes de 13 Estados, todos encaminhados às
empresas pelo Centro de Integração Empresa Escola
(CIEE) nos últimos dez anos.
Assim, não é à toa que 99% dos 818 jovens
ouvidos durante janeiro e fevereiro deste ano, em outra pesquisa
da InterScience, apontaram o estágio como uma etapa
indispensável da própria vida, opinião
emitida tanto pelos entrevistados que ainda cursam a universidade
como pelos recém-formados.
Contratações
Em 2003, a Cosipa efetivou 74 estagiários, correspondente
a 30% das contratações do ano. Em 2004, até
março, a empresa assinou a carteira profissional de
mais 29 ex-estagiários, representando 27% das contratações
do trimestre, de acordo com José Antonio de Oliveira
Rezende, superintendente de Recursos Humanos da siderúrgica.
Outro exemplo é o da Proservi, especializada em processamento
de back-office bancário, com atuação
nacional. Seu índice de efetivação de
estagiários alcançou 54,3% em dezembro do ano
passado.
Seleção mais rigorosa
Os critérios mais rigorosos do mercado, no
entanto, afetaram também a seleção dos
estudantes que se candidatam a uma oportunidade de estágio.
“Hoje, os recrutadores fazem uma ampla avaliação
do perfil do candidato, desde o desempenho escolar até
o comportamento, passando pelo domínio de idiomas,
de informática etc”, explica Luiz Gonzaga Bertelli,
presidente-executivo do CIEE.
A afirmação é comprovada em levantamento
realizado em 2002 com 101 empresas do Estado de São
Paulo. Para 52%, entre os aspectos valorizados nos critérios
de avaliação estão as atitudes.
Na opinião dos estagiários e recém-formados
entrevistados pela InterScience, uma das principais contribuições
do estágio é justamente o ganho no aspecto das
atitudes, como melhora no relacionamento (87%), desenvoltura
(84%) e maior facilidade para resolução de problemas
(79%).
Novos talentos
Os resultados das pesquisas confirmam o valor do
estágio para os dois principais atores envolvidos no
processo. “Primeiro, é um eficiente instrumento
de preparação do jovem para o mundo do trabalho,
ampliando em muito sua empregabilidade. Segundo, é
uma ferramenta eficaz para a empresa interessada em descobrir
novos talentos e fortalecer seu quadro funcional.
Com experiência de 40 anos na integração
entre empresa e escola, o CIEE considera que o estágio
deve ser constantemente aprimorado, buscando acompanhar a
evolução do mundo do trabalho”, afirma
Bertelli.
Para ele, um programa de estágio tem qualidade assegurada
quando é bem planejado, com definição
clara dos objetivos e das atividades que o estudante realizará,
além da designação de profissional habilitado,
que exercerá a função de supervisor.
“Dessa forma, a experiência resultará na
melhor formação do estudante, além de
desenvolver também habilidades e competências
solicitadas pelo mercado.”
Serviço de acompanhamento
Buscando otimizar os resultados do estágio,
o CIEE lança neste mês um serviço de acompanhamento
pioneiro, direcionado às escolas parceiras, que possibilita
ao supervisor designado pela empresa para acompanhar o estagiário
registrar suas opiniões no site do CIEE. Com isso,
para cada estudante em treinamento, as escolas passam a contar
com três avaliações: a do estagiário,
a do supervisor e a do CIEE.
“Mesmo que a responsabilidade pela avaliação
do estágio seja da escola, o CIEE a subsidiará
com informações sobre os programas de estágios
que administra, assegurando a transparência e a qualidade
do processo”, explica Sylvana Rocha, gerente educacional.
As informações são Agência Estado.
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