Novo
presidente do CNE (Conselho Nacional de Educação),
Roberto Cláudio Frota Bezerra, 57, disse ontem que
as cotas para negros na educação superior não
resolvem a origem do problema, a qualidade do ensino público.
Apesar de não se dizer contrário à medida
(cujo projeto de lei do governo será enviado ao Congresso),
Bezerra afirmou que o risco das cotas é o de o "agente
público se ausentar do esforço, achando que
o problema está resolvido".
"A discussão das cotas é importante, mas
há problemas a serem resolvidos, inclusive legais,
já que reduz a probabilidade de acesso dos outros alunos.
É uma solução quase momentânea",
disse.
Secretário-executivo do Ministério da Educação
(MEC), Fernando Haddad disse estar na Casa Civil o projeto
de cota na universidade pública, que reserva vagas
a alunos carentes, sendo uma parte delas para negros, seguindo
a proporção na população do Estado.
Perfil
O novo presidente do CNE foi eleito após a
posse de 11 conselheiros, escolhidos pelo presidente Luiz
Inácio Lula da Silva com mais de um mês de atraso.
Dos 24 conselheiros das duas câmaras (ensino básico
e superior), 12 tiveram o mandato vencido em março,
mas seus postos ficaram vagos até o último dia
23. A indefinição política levou o órgão
a cancelar, pela primeira vez, a reunião mensal (de
abril) por falta de quórum.
Bezerra foi eleito por 21 votos a favor e dois brancos. Carlos
Nejar, da Academia Brasileira de Letras, recém-empossado,
chegou a sugerir os nomes dos também novos conselheiros
César Callegari e Maria Beatriz Luce, mas ambos recusaram
a sugestão.
Mestre em estatística pela USP, ele é professor
aposentado da Universidade Federal do Ceará, onde foi
reitor duas vezes (1995-2003). Integra o CNE desde 1998.
O mandato na presidência do CNE é de dois anos,
sem reeleição. Os conselheiros ficam quatro
anos, com direito a recondução.
O ministro Tarso Genro (Educação) disse, em
seu discurso, que o CNE deve ampliar suas funções,
passando a debater projetos, além de assessorar o MEC
na definição de normas e parâmetros.
LUCIANA CONSTANTINO
da Folha de S.Paulo
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