SÃO PAULO. Apesar de custar
até 40% menos do que os produtos de marca e já
ter sua eficácia comprovada, os medicamentos genéricos
continuam de fora das receitas médicas e são
boicotados nos balcões das farmácias. É
o que mostra uma pesquisa divulgada ontem pela Associação
Brasileira das Indústrias de Medicamentos Genéricos
(Pró Genéricos). Na primeira sondagem do gênero
do país, foram ouvidas em outubro do ano passado 1.250
pessoas, entre médicos, balconistas de farmácias
e consumidores das cidades do Rio, São Paulo, Recife
e Curitiba.
Ao visitar as farmácias, os pesquisadores se fizeram
passar por consumidores e apresentaram uma receita médica
com a indicação de um produto de marca. Em 34%
dos casos, os balconistas ofereceram sem que o cliente pedisse
medicamentos diferentes dos prescritos, geralmente um produto
similar — que também é uma cópia
dos produtos de marca, mas, ao contrário do genérico,
não passa por testes de bioequivalência e equivalência
farmacêutica.
Com 56%, Recife (PE) apareceu na sondagem com a maior incidência
na proposta de troca, seguida por Curitiba (41%), São
Paulo (29%) e Rio (23%). Foram pesquisadas apenas as farmácias
independentes, que detêm 78,4% das vendas de medicamentos
no país.
Refém
Geralmente, os fabricantes de similares concentram
sua promoção nos pontos de venda, oferecendo
aos funcionários das farmácias bonificações
dependendo do volume de vendas do produto.
"Isso é ilegal. Significa que a prescrição
médica está sendo desrespeitada e o consumidor
é refém de práticas ilegais", diz
a diretora-executiva da Pró Genérico, Vera Valente.
Pela legislação, apenas os genéricos
podem substituir os medicamentos constantes das receitas médicas.
Quatro anos depois de sua entrada no mercado brasileiro,
os medicamentos genéricos têm hoje um participação
de 8,67% em unidades vendidas (foram 94,8 milhões no
ano passado) e de 6,97% em faturamento (US$ 311,6 milhões).
As informações são do jornal O Globo.
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