A crise da Parmalat está
chegando ao bolso do consumidor. Em alguns estabelecimentos
em São Paulo, o litro de leite longa vida já
está até 7% mais caro. Em outros, começa
faltar produtos Parmalat nas gôndolas. Além da
crise, o que pressiona os preços do leite é
a linha de financiamento do Banco do Brasil concedida aos
produtores, que estão começando a estocar o
produto.
Em um dos supermercados da rede Futurama, o longa vida subiu
6%, sendo que o Parmalat aumentou 7%. “Se os produtores
continuarem a segurar o produto, o preço do leite pode
ficar até 10% mais caro”, prevê o encarregado
do setor de laticínios da unidade, Fernando Oliveira.
Ele conta que a Parmalat registra queda de 40% nas vendas
desde o início da crise, em dezembro. “E podem
cair até 90% se continuar nesse ritmo”, ressalta.
O preço do longa vida Parmalat pulou de R$ 1,20, no
fim de 2003, para R$ 1,55, neste mês. Na rede de supermercados
Econ, a Parmalat não entrega leite regularmente há
10 dias. “Por isso, decidi investir no leite da Batavo,
que está mais barato”, afirma o gerente comercial
da rede, Leandro Cortez.
Enquanto o longa vida da Batavo custa R$ 1,15, o consumidor
paga R$ 1,23 pelo produto Parmalat. O leite da Cooperativa
Leite Nilza é o mais em conta: R$ 0,99. “Por
enquanto, temos estoques para manter esses preços,
mas os fornecedores estão pressionando”, comenta.
O Grupo Pão de Açúcar também sente
a pressão de produtores, que querem aumento entre 5%
e 15% no preço do leite. A justificativa é que
a entressafra está próxima.
O presidente da Leite Nilza, Alexandre Lemos, explica que
os produtores querem o aumento por conta do excesso de oferta
do fim de 2003 e da saída da Parmalat do mercado. “O
aumento deve chegar a 10% em fevereiro, mas não vai
recuperar o valor perdido pelo produtor”. O gerente
de agronegócios do BB, José Carlos Vaz, afirma
que os produtores já tomaram R$ 5 milhões emprestados
para financiar a estocagem de leite. “Também
temos R$ 100 milhões já aprovados para os produtores.
O aumento nos preços é parte do gerenciamento
do setor”. O recurso total da linha é de R$ 300
milhões.
MARIA FERNANDA BLASER
do Diário de S. Paulo
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