Apesar
da queda na produção industrial em novembro,
a perspectiva é que a atividade industrial obtenha
em 2004 o melhor desempenho desde 1986, segundo o IBGE (Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística).
Ao longo do ano, a produção industrial foi
puxada pelo desempenho dos segmentos de bens de capital, que
acumulam alta de 19,9% até novembro, e de bens de consumo
duráveis (21,7%).
Em novembro, este perfil começa a dar sinais de mudança,
com a desaceleração dos setores que apresentaram
maior expansão e uma recuperação do segmento
de não duráveis, mais relacionado a emprego
e renda.
No ano, a indústria acumula alta de 8,3%. A última
vez que a produção apresentou desempenho superior
foi em 1986, quando houve expansão de 10,93%. Caso
a hipótese se confirme, este será o maior crescimento
da produção industrial desde o Plano Cruzado.
Mercado interno
A queda da produção industrial em novembro
foi puxada pela desaceleração dos setores que
vinham liderando a expansão da atividade industrial,
como bens de consumo duráveis (fogões, geladeiras),
bens de capital (máquinas e equipamentos) e bens intermediários
(insumos, produtos químicos, combustíveis).
Em contrapartida, houve uma reação dos bens
de consumo não duráveis.
"Esse índice sugere o início de uma relevância
maior do mercado interno na composição do desempenho
industrial", afirma Silvio Sales, chefe da Coordenação
da Indústria.
Isto porque o setor de não duráveis é
mais dependente da massa salarial e da demanda interna. Já
o setor de duráveis está relacionado à
oferta de crédito e a exportações.
Na comparação do desempenho de novembro de
2004 com novembro de 2003, o setor de não duráveis
apresenta a taxa mais próxima do da indústria
em geral. Enquanto o setor cresceu 6,6%, a indústria
brasileira registrou expansão de 8,1%.
Segundo Sales, os bens intermediários foram afetados
no ano pela queda na produção de petróleo
e gás. Na comparação de novembro contra
o mesmo mês do ano anterior, houve queda de 1,7%. De
janeiro a novembro, a queda chega a 3,3%. Uma das principais
causas da redução foram as paradas programadas
para manutenção realizadas no primeiro semestre
pela Petrobras.
Esta mudança no perfil do crescimento da atividade
industrial pode significar um aumento no nível de emprego
industrial. "As empresas do setor de bens de consumo
não duráveis empregam mais do que as exportadoras",
disse.
JANAINA LAGE
da Folha Online
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