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Sucateamento
15/12/2003
Para ministro, crise é mais profunda nas universidades públicas

Embora esteja empenhado em encontrar novas formas de financiamento das universidades públicas, o ministro da Educação, Cristovam Buarque, vem insistindo que a crise não se resume à falta de verbas. A crise é mais profunda, afirma. Nem as universidades estariam se dando conta disso, adverte o petista.

"Elas tratam da crise como se consertam goteiras no telhado, sem perceber que o céu está desabando", escreveu em trabalho apresentado na Conferência Mundial sobre Ensino Superior, realizada há cinco meses em Paris. Intitulado "A universidade numa encruzilhada", o documento é, como o nome diz, um retrato da crise por que passam essas instituições de ensino superior.

A universidade brasileira, de acordo com a avaliação do ministro, nasceu com um vício de origem, para atender às conveniências de um rei europeu. Ela foi criada em 1922 no Rio para dar um título de doutor honoris causa ao rei Leopoldo da Bélgica, que visitava o Brasil na ocasião. "É um pecado original do qual ainda não nos livramos", escreveu.

O crescimento da universidade brasileira ocorreu durante o regime militar (1964-1985), e a volta da democracia, em 1985, coincidiu com o aperto financeiro das instituições, "chegando ao ponto do abandono da universidade pública pelo poder público", e o aumento da oferta das universidades particulares. "A universidade privatizou-se de duas formas: a predominância das instituições privadas e a perda de um projeto social nacional por parte das universidades públicas", diz o texto elaborado pelo ministro.

Cristovam defende medidas para enfrentar a crise de "falta de sintonia" do ensino superior e promover o que ele chama de "refundação" da universidade brasileira. Entre as medidas estão: o estímulo ao ensino à distância, sistemas de seleção dentro das escolas de segundo grau (como já acontece em Brasília), a instituição de um diploma provisório (que garanta a reciclagem permanente dos alunos), a ênfase na formação de professores do ensino básico e até a redefinição de carreiras.

 




MARTA SALOMON,
da Folha de S.Paulo.

   
 
 
 

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