O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem, em São Paulo,
que o governo não pode continuar oferecendo ao mercado
títulos a juros "exorbitantes" e que os bancos
terão de investir mais na chamada "economia real".
"Os bancos podem começar a se preparar porque
vão ser motivados a ganhar dinheiro investindo em coisas
que signifiquem criação de emprego, geração
de riqueza e distribuição de renda. E, para
que isso aconteça, o governo não pode incentivar
os bancos a ganhar dinheiro sem emprestar ao setor produtivo,
oferecendo títulos a juros exorbitantes", disse
Lula na entrega do prêmio Brasileiro do Ano, concedido
ao ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho, promovido pela
revista "Isto É".
Palocci disse que em seu primeiro ano o governo Lula cumpriu
a "travessia do deserto", em referência ao
ajuste fiscal de 2003. "Neste ano fizemos a travessia
do deserto. O ajuste foi duro, severo, de um governo que chegou
com vontade de fazer tudo e descobriu que a distância
entre a vontade e a possibilidade é infinita."
À tarde, Palocci dissera que a priorização
das políticas microeconômicas para 2004 é
essencial para a retomada do crescimento econômico sustentável,
pois as políticas macroeconômicas são
insuficientes para garantir crescimento de longo prazo.
"Essa agenda microeconômica é essencial
para o crescimento do país. Sem ela não haverá
crescimento de longo prazo. Não basta ter baixa inflação,
juro em queda e dívida equilibrada. [...] Fazemos muita
polêmica em torno de coisas absolutamente evidentes,
como ordenar o Orçamento, só gastar o que se
tem, pagar a dívida que contraiu. Não me parece
que o Brasil precisa desenvolver tanto esforço intelectual
com essas questões", disse.
JOSÉ ALAN DIAS
da Folha de S.Paulo
|