O 5º
Fórum Social Mundial tem como meta, na edição
deste ano, não ficar apenas no campo das discussões,
mas também apresentar "atividades e campanhas"
que possam ser colocadas em prática. Segundo os organizadores,
a medida vem em resposta às críticas de que
não houve propostas concretas na última edição
do evento, que neste ano ocorrerá de 26 a 31 deste
mês, em Porto Alegre (RS).
O discurso de que o fórum não aplicava suas
próprias resoluções foi usado pela oposição
local ao PT (que administrou Porto Alegre até o ano
passado) desde a sua primeira edição, em 2001.
O Fórum Social surgiu como um contraponto ao Fórum
Econômico Mundial, que reúne anualmente empresários,
banqueiros e lideranças políticas em Davos (Suíça).
O tema se tornou mais delicado para os organizadores no ano
passado, quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva
disse, às vésperas do segundo turno das eleições
municipais, que o evento deveria passar a discutir somente
um ou dois temas prioritários, para não se tornar
uma "feira de produtos ideológicos".
A fim de buscar a realização de uma edição
"mais propositiva", em cada um de seus espaços
temáticos haverá um mural de propostas, onde
serão divulgados os encaminhamentos desenvolvidos em
cada encontro.
"Os 15 milhões de pessoas que em fevereiro protestaram
contra a Guerra do Iraque são um exemplo de ações
que nasceram a partir do Fórum Social Mundial",
disse o coordenador-executivo do fórum, Jéferson
Miola.
Jorge Eduardo Durão, diretor-geral da Abong (Associação
Brasileira de Organizações Não-Governamentais)
e integrante do comitê organizador, disse que o próprio
comitê colocou em prática algumas das discussões
e experiências vivenciadas em outras edições,
como transferir a sede do evento do centro de convenções
da PUC-RS (Pontifícia Universidade Católica
do Rio Grande do Sul) para estruturas erguidas às margens
do rio Guaíba.
"O fato de erguermos estruturas ecológicas por
meio da bioconstrução e de a mão-de-obra
estar sendo executada por integrantes do MST (Movimento dos
Trabalhadores Rurais Sem Terra) ao lado de soldados do Exército
brasileiro é um exemplo disso tudo", afirmou Durão.
Atividades
Nesta edição, a organização
tentou enxugar a profusão e a duplicidade de eventos,
incentivando a aglutinação das atividades. Estão
programados, no entanto, cerca de 2.500 eventos.
O orçamento do Fórum Social Mundial, segundo
seus organizadores, é de aproximadamente R$ 14,5 milhões,
sendo que R$ 10 milhões têm origem pública:
governo federal (R$ 6 milhões), governo do Estado do
Rio Grande do Sul (R$ 2 milhões) e Prefeitura de Porto
Alegre (R$ 2 milhões).
Os organismos internacionais destinaram cerca de R$ 4,5 milhões
ao fórum.
Os 11 espaços temáticos em que irão
se dividir os debates são: Bens Comuns da Terra e dos
Povos; Arte e Criação; Comunicação;
Defendendo as Diversidades, Pluralidades e Identidades; Direitos
Humanos; Economias Soberanas pelo e para os Povos; Ética,
Cosmovisões e Espiritualidades; Lutas Sociais e Alternativas
Democráticas; Paz e Desmilitarização;
Pensamento Autônomo; Rumo à Construção
de uma Ordem Democrática Internacional e Integração
dos Povos.
SÍLVIO FERREIRA
da Folha de S.Paulo
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