O Brasil
iniciou 2005 com o título nada honroso de campeão
mundial dos juros reais, com a taxa mais alta do planeta.
Após seu maior "rival", a Turquia, baixar
seus juros em dezembro, o Brasil, que ainda segue elevando
suas taxas, passou a liderar o ranking dos países com
maiores juros reais (descontada a inflação),
elaborado pela consultoria GRC Visão.
O atual patamar de 17,75% da taxa básica (Selic) já
seria suficiente para dar o título ao país.
Se a expectativa do mercado for ratificada e a Selic subir
hoje para 18,25%, os juros reais chegarão a 11,87%,
maior nível desde outubro de 2003. O cálculo
é realizado descontando da taxa de juros as expectativas
do mercado para a inflação pelos próximos
12 meses.
Na Turquia, a segunda colocada, após o corte de dois
pontos percentuais feito em dezembro, a taxa real caiu para
9%.
A elevação do juro real pode sinalizar o fim
do atual ciclo de aperto monetário. Ao elevar a taxa
básica (Selic), como tem feito desde setembro, o Copom
busca aumentar o juro real a um nível que diminua as
ameaças de pressões inflacionárias decorrentes
do aquecimento econômico.
"É importante o recente aumento dos juros reais.
Independentemente da magnitude da alta da Selic a ser decidida
nesta reunião do Copom, é evidente que o aperto
monetário está próximo do fim",
diz Alexandre Maia, da Gap Asset Management.
O aumento da taxa real pode ter efeito perverso sobre o humor
dos empresários, pois serve de referência na
hora de o setor privado planejar investimentos futuros.
Um outro reflexo negativo é o possível aumento
das taxas praticados no mercado, como cheque especial e crédito
pessoal.
O Copom (Comitê de Política Monetária)
anuncia hoje como fica a taxa básica. A expectativa
predominante entre os analistas financeiros é que a
Selic suba de 17,75% para 18,25% anuais.
A taxa real brasileira está muito distante da média
geral. Considerando os 40 países que aparecem na pesquisa
realizada pela GRC Visão, a taxa média de juro
real é de 1,6%. O México, por exemplo, tem taxa
real de 4,4%.
Para a Modal Asset Management, apesar da "recente deterioração
das expectativas de inflação do mercado",
o ajuste mais significativo da curva de juros reais "deve
evitar uma postura mais dura do BC e sancionar o consenso
de alta de 0,50 ponto percentual na Selic".
Na segunda-feira, o boletim Focus do BC mostrou que a expectativa
do mercado para o IPCA em 2005 subiu de 5,67% para 5,7%. A
meta de inflação do BC é de 5,1% em 2005.
Por um outro critério, considerando as taxas prefixadas
de 360 dias, a taxa de juros reais subiu de cerca de 10,85%
para 12% anuais entre a reunião do Copom de dezembro
e ontem.
Na BM&F, as taxas futuras de juros voltaram a subir,
mostrando que já há quem aposte na possibilidade
de a Selic ser elevada em 0,75 ponto percentual. A taxa do
contrato DI (Depósito Interfinanceiro) com resgate
daqui a um ano fechou em 18,42%, contra 18,35% do dia anterior.
O contrato DI com prazo de vencimento em seis meses encerrou
o pregão em 18,70%, ante 18,66% registrada na segunda.
O dólar também subiu e fechou a R$ 2,719, com
alta de 0,67%.
As informações são
da Folha de S. Paulo.
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