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Destempero
25/11/2003
"Não me arrependo", diz Sobel sobre apoio à pena de morte

O rabino Henri Sobel disse nesta segunda-feira que não se arrepende "em nada" de ter defendido a pena de morte para os assassinos de Felipe Caffé, 19, e Liana Friedenbach, 16. O casal de estudantes foi morto cerca de três semanas atrás em Embu-Guaçu (Grande SP). Cinco pessoas, entre elas um adolescente de 16 anos, estão presas e confessaram o crime à polícia.

Sobel causou polêmica na semana passada ao se declarar a favor da pena de morte para os criminosos de Liana e Felipe. O judaísmo no qual o rabino é o principal representante religioso condena a pena de morte.

"Estou em paz com minha consciência", disse ele à Folha Online após a apresentação do maestro e pianista norte-americano Ira Levin, no teatro Cultura Artística.

"Pode ser que um dia me arrependa do que falei, quem sabe? Mas agora não estou nem um pouco arrependido. As pessoas tem que entender que eu celebrei o casamento dos pais de Liana, que ela foi minha aluna, que esse caso me atingiu de uma forma muito forte e pessoal. Continuo a favor (da morte dos assassinos), sim."

Contraditoriamente, o rabino afirmou não ter defendido "a implantação da pena de morte no país, mas uma exceção; um caso de exceção."

Indagado por que nunca tinha defendido que o Estado brasileiro matasse um criminoso em outros casos tão ou mais violentos (a reportagem citou como exemplo a morte a pauladas do casal Richthofen, no ano passado), Sobel justificou-se:

"Não sei comparar crimes, mas em 34 anos no Brasil, nunca vi tamanha barbaridade."

Ele também respondeu ao artigo do colunista Gilberto Dimenstein, publicado pela Folha Online nesta quarta. O artigo criticou a reação do rabino. "Num momento como esse, os líderes religiosos deveriam propor o culto da vida e não o da morte", escreveu Dimenstein.

"O que vocês têm de entender é que esse caso é pessoal. Liana foi estuprada coletivamente, morta de forma lenta, com facadas. Me desculpe, mas minha reação é a de um pai que tem uma filha", afirmou.

O rabino disse que tem recebido muito apoio da comunidade judaica, mas que isso "não ajuda" em nada. "Continuo triste. Talvez a pena de morte não seja mesmo a luz. Mas no momento não vejo outra luz."

Morte na TV
Dando ainda um passo à frente de Sobel, na defesa da pena de morte dos criminosos, a apresentadora Hebe Camargo (SBT) declarou ao vivo, na semana passada, que iria "entrevistar" o menor preso pela morte de Liana e Felipe e que matará o menor, caso isso (a entrevista) acontecer.

Por causa de suas declarações, fitas de seu programa foram requisitadas pelo Ministério Público. Ela pode ser acusada de incitamento ao crime.


Ricardo Feltrin,
Editor da Folha Online.

   
 
 
 

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