O rabino Henri Sobel disse nesta
segunda-feira que não se arrepende "em nada"
de ter defendido a pena de morte para os assassinos de Felipe
Caffé, 19, e Liana Friedenbach, 16. O casal de estudantes
foi morto cerca de três semanas atrás em Embu-Guaçu
(Grande SP). Cinco pessoas, entre elas um adolescente de 16
anos, estão presas e confessaram o crime à polícia.
Sobel causou polêmica na semana passada ao se declarar
a favor da pena de morte para os criminosos de Liana e Felipe.
O judaísmo no qual o rabino é o principal representante
religioso condena a pena de morte.
"Estou em paz com minha consciência", disse
ele à Folha Online após a apresentação
do maestro e pianista norte-americano Ira Levin, no teatro
Cultura Artística.
"Pode ser que um dia me arrependa do que falei, quem
sabe? Mas agora não estou nem um pouco arrependido.
As pessoas tem que entender que eu celebrei o casamento dos
pais de Liana, que ela foi minha aluna, que esse caso me atingiu
de uma forma muito forte e pessoal. Continuo a favor (da morte
dos assassinos), sim."
Contraditoriamente, o rabino afirmou não ter defendido
"a implantação da pena de morte no país,
mas uma exceção; um caso de exceção."
Indagado por que nunca tinha defendido que o Estado brasileiro
matasse um criminoso em outros casos tão ou mais violentos
(a reportagem citou como exemplo a morte a pauladas do casal
Richthofen, no ano passado), Sobel justificou-se:
"Não sei comparar crimes, mas em 34 anos no Brasil,
nunca vi tamanha barbaridade."
Ele também respondeu ao artigo do colunista Gilberto
Dimenstein, publicado pela Folha Online nesta quarta. O artigo
criticou a reação do rabino. "Num momento
como esse, os líderes religiosos deveriam propor o
culto da vida e não o da morte", escreveu Dimenstein.
"O que vocês têm de entender é que
esse caso é pessoal. Liana foi estuprada coletivamente,
morta de forma lenta, com facadas. Me desculpe, mas minha
reação é a de um pai que tem uma filha",
afirmou.
O rabino disse que tem recebido muito apoio da comunidade
judaica, mas que isso "não ajuda" em nada.
"Continuo triste. Talvez a pena de morte não seja
mesmo a luz. Mas no momento não vejo outra luz."
Morte na TV
Dando ainda um passo à frente de Sobel, na
defesa da pena de morte dos criminosos, a apresentadora Hebe
Camargo (SBT) declarou ao vivo, na semana passada, que iria
"entrevistar" o menor preso pela morte de Liana
e Felipe e que matará o menor, caso isso (a entrevista)
acontecer.
Por causa de suas declarações, fitas de seu
programa foram requisitadas pelo Ministério Público.
Ela pode ser acusada de incitamento ao crime.
Ricardo Feltrin,
Editor da Folha Online.
|