O número de mortes e novos
casos de HIV/Aids alcançou novos recordes em 2003 e
deve aumentar ainda mais enquanto a epidemia mantém
um domínio sobre a África subsaariana e avança
sobre o Leste Europeu e a Ásia Central.
Novas estimativas globais baseadas em recentes pesquisas
foram divulgadas hoje e mostram que cerca de 40 milhões
de pessoas no mundo vivem com HIV/Aids, incluindo estimadas
2,5 milhões de crianças com menos de 15 anos.
Cerca de 5 milhões de pessoas foram infectadas em 2003
e mais de 3 milhões morreram neste ano.
"A epidemia de Aids continua a expandir --não
atingimos o limite ainda", declarou o médico Peter
Piot, chefe do Unaids (Programa Conjunto das Nações
Unidas para HIV/Aids).
"Mais pessoas foram infectadas neste ano do que antes
e mais pessoas morreram de Aids do que antes", afirmou
Piot, em entrevista à agência de notícias
Reuters. "É primeira causa de morte na África
e a quarta causa de morte no mundo."
África
A África subsaariana continua sendo a região
mais afetada do mundo com cerca de 3,2 milhões de novas
infecções e 2,3 milhões de mortes em
2003. O sul da África abriga cerca de 30% das pessoas
que vivem com HIV/Aids no mundo --a região tem menos
de 2% da população mundial.
Em Botsuana e Suazilândia, o índice de infecção
de HIV/Aids entre adultos é de 40%. Uma em cada cinco
mulheres grávidas em alguns países africanos
está infectada com o vírus, que é mais
facilmente transmitido do homem para a mulher do que o contrário.
"Em duas curtas décadas HIV/Aids se tornou tragicamente
a principal doença de destruição em massa",
declarou o médico Jack Chow, da Organização
Mundial de Saúde, durante uma entrevista coletiva.
"A taxa de mortes por HIV/Aids é agora de 8.000
por dia e está crescendo."
Aflição
Piot declarou que a epidemia está se alastrando em
países densamente povoados como Índia e China
assim como Indonésia, Papua Nova-Guiné, Vietnã
e Leste Europeu, onde as regiões mais afetadas incluem
Rússia, Ucrânia e Estônia.
"A aflição da epidemia de HIV vai se tornar
maior e maior com o tempo porque demora, em média,
sete a dez anos depois da infecção para você
começar a adoecer e, se não tiver tratamento,
morrer", declarou Piot.
"Em outras palavras, mesmo se por algum milagre toda
transmissão de HIV parasse, as pessoas ainda ficariam
doentes. Estamos apenas no começo do impacto da Aids,
obviamente na África", disse.
Tratamento
Mas Piot afirmou que o estudo do Unaids também traz
pontos positivos. Em diversas cidades do leste da África,
menos pessoas foram infectadas neste ano do que há
cinco anos --então a prevenção pode ajudar.
Também há mais dinheiro sendo gasto com a Aids.
"Em terceiro lugar, há ainda um período
de tratamento, mesmo que hoje apenas 75 mil africanos --menos
de um em cada 50 que precisam-- sejam tratados com terapia
efetiva. Há também agora um movimento de lançar
esse tratamento em um uma grande escala", afirmou.
Em um grande impulso para combater a epidemia, a África
do Sul anunciou um plano de fornecer drogas anti-retrovirais
gratuitamente para centenas de milhares de pessoas infectadas.
Outros países africanos também estão
prometendo recursos.
"Você não pode lidar com educação,
pobreza e segurança hoje sem considerar a epidemia
de HIV/Aids", afirmou o médico Debrework Zewdie,
diretor do programa de HIV/Aids do Banco Mundial.
Piot declarou que "estamos entrando em uma nova fase
no combate à Aids e um período de grandes oportunidades".
"Precisamos ser tão entusiasmados em nos certificar
de que nossas crianças não sejam infectadas
pelo HIV como no tratamento de pessoas que já estão
infectadas atualmente."
As informações são
da Folha Online.
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