Houve um
esforço dos formadores de opinião para amenizar
o impacto negativo provocado pelo furto de gravatas na imagem
do rabino Henry Sobel. Estão certos. O rabino tem um
histórico respeitável de serviços comunitários,
sempre esteve aberto à causa da tolerância religiosa
e da democracia. Se fez o que fez só poderia ter sido
vítima de um desequilíbrio psicológico.
O melhor seria compreender e ajudar seu tratamento. Por que,
porém, não aplicar o mesmo olhar compreensivo
a quem não é celebridade e que não tenha
prestado nenhum serviço relevante à sociedade?
Há batalhões de adolescentes presos porque
cometeram o mesmo deslize do rabino: furto. Como não
são ameaça à integridade de ninguém
- afinal não usavam armas - deveriam ser acolhidos,
encaminhados, tratados, e não internados. Aliás,
cadeia deveria ser em último caso.
Esses jovens podem não sofrer surtos psicológicos,
mas são induzidos involuntariamente à marginalidade
assim como o rabino foi induzido a se expor levando as gravatas.
Essa deveria ser uma das lições do caso Sobel.
PS- Por ter freqüentado a CIP desde menino, Sobel sempre
fez parte de minha paisagem social. Ele foi daqueles ícones
que ajudaram a formar os jovens nos valores da democracia.
Não sei se ele conseguirá voltar às suas
antigas funções (até porque o caso ajudou
os que há tempos queriam prejudicá-lo na comunidade
judaica). Mas a imagem que me ficará dele é
a do indivíduo que aproximou diferentes religiões,
enfrentou o regime militar e sempre colocou o judaísmo
a serviço da inclusão.
Coluna originalmente publicada na Folha Online,
editoria Pensata.
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