Acaba de
sair um levantamento realizado por pesquisadores da USP e
da FGV revelando que, ao contrário do que se imagina,
um professor de escola pública tem um rendimento maior
do que o da rede privada. Ocorre que, na média, os
alunos de escolas particulares se saem bem melhor. Tal informação
corre o risco de gerar injustiças contra os professores
da rede pública.
Certamente, as escolas particulares são mais exigentes
com seus professores, proibindo falta e exigindo melhor desempenho;
afinal, elas perderiam mensalidades. Seria ótimo que
esse nível de cobrança atingisse toda a rede
pública. O problema é mais profundo.
Por serem, em geral, mais pobres, os alunos da rede pública
têm menor bagagem cultural, os pais envolvem-se menos
na aprendizagem dos filhos, as condições físicas
da escola apresentam deficiências crônicas, a
saúde dos estudantes é mais comprometida. A
jornada escolar costuma ser maior nas instituições
privadas, onde uma parcela dos estudantes desfruta de atividades
extracurriculares, além de aulas particulares. Natural
que, nessas condições, haja mesmo diferença
nas notas. Lembre-se que, para padrões internacionais,
as escolas privadas são ruins.
Mas o que resulta disso é a seguinte conclusão:
apenas subir o salário do professor, principal demanda
dos sindicatos, não adianta para melhorar a educação
pública.
PS - Mais detalhes dessas pesquisas estão no meu site.
Coluna originalmente
publicada na Folha Online, editoria Pensata.
|