Uma pesquisa
realizada a pedido da BBC em 15 países revelou que
61% dos brasileiros entrevistados não acreditam que
a Aids e o HIV possam provocar a morte.
O Brasil foi o país que mostrou maior ignorância
das conseqüências da Aids para o ser humano, de
acordo com a pesquisa, apesar de terem morrido 8,4 mil brasileiros
em consequência da Aids em 2001, segundo dados da Organização
das Nações Unidas (ONU). No México, 31%
dos entrevistados disseram duvidar de que a doença
seja fatal e, nos Estados Unidos, esse número foi de
apenas 2%.
A pesquisa foi feita por telefone no Brasil, com 1.007 pessoas
de São Paulo, Belo Horizonte, Porto Alegre e Rio de
Janeiro, entre os dias 10 e 24 de agosto deste ano. Os outros
países participantes foram Bangladesh, China, Grã-Bretanha,
Índia, Indonésia, Líbano, México,
Nigéria, Rússia, África do Sul, Tanzânia,
Trinidad, Ucrânia e Estados Unidos.
Apesar de o programa brasileiro de prevenção
e combate à Aids ter sido reconhecido pela ONU como
exemplar para o mundo, parece haver ainda muita confusão
no país sobre a formas de transmissão do HIV.
Compartilhar objetos de uso pessoal, como roupas, toalhas
e copos, não transmite o vírus, mas um em cada
quatro consultados no Brasil acredita que possa pegar a doença
dessa forma.
Mães
Outra informação sobre a qual os entrevistados
brasileiros mostraram pouco conhecimento é a transmissão
materno-fetal.
Entre os ouvidos pela pesquisa, 28% não sabiam que
as mães portadoras de HIV podem passar o vírus
para seus filhos durante a gravidez. No México, 12%
ignoram a transmissão materno-fetal e, nos EUA, 4%.
Entre cinco alternativas apresentadas, quase a metade (47%)
dos brasileiros consultados disse que a maior preocupação
no momento é a criminalidade e impunidade. Outros 21%
disseram temer problemas de saúde e 18% se mostraram
mais preocupados com a Aids.
As outras possibilidades de respostas eram segurança
financeira (a principal dor de cabeça para 11% dos
entrevistados no Brasil) e ataques terroristas (que ocupam
a mente de apenas 3% desses brasileiros).
As questões que mais incomodam os mexicanos, segundo
a pesquisa, são problemas de saúde e criminalidade,
deixando a Aids em quarto lugar.
A doença é a menor entre as cinco preocupações
para os britânicos, chineses, russos e americanos, esses
mais envolvidos com a segurança financeira. A Aids
só foi apontada como a maior questão da atualidade
pelos entrevistados na Tanzâniaonde 66% escolheram a
doença entre as cinco opções, na Nigéria
(52%) e na Índia (29%).
Educação
Quando o critério é a educação
de crianças sobre a Aids, o Brasil é o segundo
mais liberal dos 15 países em que foi feito o levantamento.
Apesar de ser uma das populações com maior
número de católicos do mundo, 94% dos entrevistados
disseram que crianças antes dos 14 anos já devem
ser informadas de que a camisinha protege contra o HIV.
O país só não é tão liberal
quanto o México, onde 97% dos consultados disseram
que essa informação deveria ser fornecida às
crianças. Nos Estados Unidos, 74% acham positivo as
crianças receberem esse tipo de educação
sexual.
A percepção de 66% dos brasileiros entrevistados
na pesquisa é que o governo não está
fazendo o suficiente para prevenir e combater a Aids.
No México, o descontentamento é ainda maior
e atinge 78% dos consultados. Entre os americanos, 41% estão
satisfeitos com as ações públicas e esse
número sobe ainda mais no outro país da América
pesquisado: as ações do governo de combate à
Aids têm 78% de aprovação em Trinidad.
As informações são
da BBC Brasil.
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