Apesar de não estarem concluídos, o rebaixamento
e a ampliação da calha do rio Tietê apresentarão
efeitos ainda neste verão: com 60% das obras feitas,
o risco de o rio transbordar na área da cidade de São
Paulo nos próximos cinco meses é de apenas 4%,
segundo o Daee (Departamento de Águas e Energia Elétrica
do Estado de São Paulo).
Na última estação
chuvosa esse índice era de 10% e há quatro anos
as vias marginais tinham mais de 95% de chances de inundação,
de acordo com o departamento.
"Nossa meta com a conclusão
da obra, em setembro de 2004, é chegar a 1%, ou seja,
somente uma chuva a cada cem anos poderá fazer com
que o rio transborde. Antes, isso acontecia quase todo ano",
explica Ricardo Borsari, superintendente do Daee.
A segunda fase do projeto, iniciada
em abril de 2002, retirou cerca de 4,5 milhões de m3
de lodo, 11 mil toneladas de lixo e 800 mil pneus do fundo
do rio, numa extensão de 24,5 km -do Cebolão
até a Barragem da Penha (zona leste).
O custo da obra está estimado
em R$ 688 milhões -75% provenientes do JBIC (Japan
Bank International Cooperation) e o restante pago pelo governo
do Estado. O objetivo é ampliar em até 45 metros
a base e rebaixar em 2,5 metros o leito do Tietê.
O rebaixamento transformará
também o visual da avenida marginal, implantando um
projeto paisagístico nas margens do rio, com a plantação
de mudas de flores e árvores frutíferas.
"As pessoas que chegarem a São
Paulo, e mesmo os paulistanos que circulam pela marginal,
poderão ver um rio Tietê muito mais bonito",
afirma Borsari.
A mudança vai ocorrer também
nas pistas. Um projeto elaborado pela Prefeitura de São
Paulo, que depende do repasse de R$ 100 milhões do
governo federal, prevê a recuperação do
pavimento em toda a extensão das marginais Tietê
e Pinheiros, além de obras de sinalização,
instalação de câmeras e correções
de desníveis no asfalto em 12 pontos.
"Estamos em negociação
com o Ministério dos Transportes. Quando tivermos a
verba, poderemos começar a obra, que demorará
de seis a oito meses para ficar pronta", diz o engenheiro
Samuel de Oliveira, gerente de projetos da CET. Segundo Oliveira,
essa seria a primeira fase de um projeto maior na região.
"Precisamos aumentar a capacidade
da marginal Tietê. O Rodoanel aumentou o tráfego
de veículos na marginal e existe uma grande demanda
reprimida. A última grande obra no local foi há
mais de 12 anos", explica.
A solução, segundo o
engenheiro, é a construção de uma quarta
faixa na marginal e uma quinta faixa na via expressa, nos
dois sentidos. As faixas poderão ocupar parte do canteiro
central ou das margens do rio.
Para isso, a prefeitura preparou um
projeto que será apresentado ao BNDES (Banco Nacional
de Desenvolvimento Econômico e Social) e ao Bird (Banco
Mundial), pedindo um financiamento de cerca de R$ 300 milhões
para a ampliação.
Se realizada, a obra aumentará
em até 40% a área de circulação
da marginal Tietê e em 30% a da Pinheiros. Diariamente,
cerca de 1,1 milhão de veículos circulam nas
duas marginais.
SIMONE IWASSO
Da Folha de S. Paulo
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