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A inflação
na cidade de São Paulo desacelerou em outubro, com
a pressão menor do reajuste das tarifas públicas.
O Índice do Custo de Vida (ICV), medido pelo Dieese,
ficou em 0,47%, contra 1,26% no mês anterior. Com relação
a outubro do ano passado, a queda foi de 1,13%. De acordo
com a coordenadora do índice, Cornélia Nogueira
Porto, apesar de alguns preços administrados ainda
terem causado impacto no índice (telefonia, eletricidade
e táxi) as variações foram muito pequenas,
decorrentes de resíduos de reajustes anteriores.
Os preços de alimentação
subiram em outubro 0,96%, os de saúde apresentaram
alta de 0,80% e os de habitação tiveram elevação
de 0,50%. Já o item transporte apresentou queda de
0,22% e equipamento doméstico pequena redução
de 0,08%. Entre janeiro e outubro deste ano, o ICV acumula
uma inflação de 8,93%. Nos últimos doze
meses, a variação apurada chega a 15,10%.
A exemplo do que havia ocorrido em
setembro, em outubro os preços subiram mais para a
população de menor poder aquisitivo, pertencentes
ao estrato 1, com renda média de R$ 377,49. Para esta
camada, o ICV ficou em 0,55%. Para as famílias com
ganhos numa faixa intermediária, com renda média
de R$ 934,17, pertencentes ao estrato 2, a variação
do custo de vida ficou em 0,46%. Entre as famílias
mais ricas (com renda igual ou superior a R$ 2.792,90), a
taxa foi de 0,44%.
A diferença entre as taxas
é determinada pela forma que as famílias distribuem
seus gastos domésticos e que estão relacionados
com seu nível de rendimentos. Em outubro, a Alimentação,
que representa 35,24% dos gastos das famílias mais
pobres, contribuiu com 0,31 ponto percentual para o cálculo
da taxa do estrato 1. Para o estrato 3, a contribuição
ficou em 0,22 ponto percentual.
De acordo com o levantamento, as maiores
altas na Alimentação ocorreram entre os produtos
in natura e semi-elaborados (1,85%), enquanto a alimentação
fora do domicílio (0,68%) e a indústria alimentícia
(0,16%) apresentaram taxas bem menores. A pressão de
alta partiu de itens como carnes (2,16%), frango (10,80%),
frutas (4,27%) e legumes (4,15%), enquanto os demais tiveram
variação negativa.
Dentre as frutas, os principais destaques
foram limão (44,45%) e pêssego (35,94%), mas
houve retração na manga (-30,24%) e mamão
(-9,65%). No caso das hortaliças (-0,83%), a queda
foi generalizada e nos legumes, os principais aumentos ocorreram
com a berinjela (16,59%), tomate (8,96%) e pimentão
(8,17%), parcialmente compensados pela forte queda do chuchu
(-13,33%). Nas raízes e tubérculos (-3,37%),
houve alta na mandioca (17,53%) e queda na cenoura (-8,25%)
e cebola (-4,10%). Nos grãos (-1,39%) a queda maior
foi no feijão (-3,99%) e o arroz caiu apenas 0,66%.
As variações nos preços
dos produtos alimentícios industrializados não
foram significativas e houve apenas algumas taxas mais elevadas:
frango assado (6,51%), lingüiça fresca (8,45%)
e farinha de mandioca (15,58%). As retrações
mais acentuadas ocorreram com açúcar (-4,09%)
e pão francês (-1,80%). Com relação
à alimentação fora do domicílio,
houve aumento de 1,31% nos lanches, devido à alta nos
sorvetes (8,72%). A refeição principal (0,22%)
pouco alterou seu valor
No grupo Habitação,
o maior aumento foi registrado no subgrupo operação
do domicílio (0,70%) tendo como origem o reajuste nos
serviços públicos (0,95%) detectado tanto na
eletricidade (0,68%) como na telefonia (2,50%). Os subgrupos
locação, impostos e condomínios (0,31%)
e conservação do domicílio (0,01%) tiveram
pouca alteração.
A Saúde apresentou maior elevação
no subgrupo medicamentos e produtos farmacêuticos (1,18%)
que em assistência médica (0,70%). Porém,
este último, devido ao peso no orçamento, contribuiu
para o índice final com 0,07 ponto percentual, enquanto
os remédios tiveram impacto de 0,03 ponto percentual
no cálculo final da taxa deste grupo. A maior queda
foi apurada nos Transportes (-0,22%), conseqüência
da redução no transporte individual (-0,58%),
que teve como origem o preço dos combustíveis
(-1,12%) notadamente o álcool (-4,03%).
Segundo o Dieese, a taxa de 2003 deverá
ser bem inferior a de 2002 (12,93%). Caso se considere a hipótese
de as variações de preços dos próximos
dois meses ficarem em torno de 0,50%, o ano deve fechar com
uma inflação da ordem de 10%.
WAGNER GOMES
Do GloboNews.com
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