A prefeita de São Paulo,
Marta Suplicy (PT), deve enfrentar ainda neste mês uma
nova polêmica na Comissão de Assuntos Econômicos
do Senado (CAE). Depois da discussão sobre a aprovação
do empréstimo de R$ 494 milhões do BNDES (Banco
Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), a comissão
examinará um pedido de financiamento de US$ 100 milhões
feito ao BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) para
o Procentro (Programa de Valorização do Centro).
O novo pleito chegou à
CAE no último dia 15. O presidente da comissão,
Ramez Tebet (PMDB-MS), disse que nomeará o relator
nesta semana. Ele terá 15 dias para apresentar um parecer,
que a seguir será votado pela CAE.]
A Prefeitura de São Paulo
já conta com a liberação de parte do
dinheiro do BID em 2004. O Orçamento municipal prevê
uma receita de R$ 160 milhões do banco para o Procentro
- US$ 55,9 milhões, pela cotação de ontem.
O dinheiro do BNDES, destinado
a obras de integração de linhas de ônibus,
foi aprovado na semana passada. O presidente do banco, Carlos
Lessa, voltou a dizer ontem que só poderá conceder
o empréstimo quando a União aumentar o capital
da instituição. A alternativa considerada mais
viável pela direção do BNDES envolve
troca de ações com o Tesouro.
Durante a análise do
tema na CAE, tucanos e pefelistas, principalmente do Nordeste,
disseram que São Paulo tem acesso privilegiado aos
recursos federais.
Marta chegou a qualificar as manobras de obstrução
que eles fizeram como uma "manifestação
do Nordeste contra o Estado e a cidade de São Paulo".
Apesar das divergências,
o empréstimo foi aprovado. Os tucanos atenderam ao
apelo do governador Geraldo Alckmin (PSDB) para que votassem
a favor.
A queixa da bancada nordestina
é de que São Paulo, com o empréstimo,
ultrapassa o limite de endividamento fixado pelo Senado. Um
acordo firmado entre a prefeitura e a União em 2000,
porém, exclui o financiamento do BNDES e o do BID desse
limite.
JULIA DUAILIBI
GUILHERME BAHIA
Da Folha de S. Paulo
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