HOME | COLUNAS | SÓ SÃO PAULO | COMUNIDADE | CIDADÃO JORNALISTA | QUEM SOMOS
 
orçamento
20/10/2003
Fraudes investigadas no País superam R$ 5 bi

O ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, costuma repetir que "o governo do PT não rouba nem deixa roubar". A realidade, porém, é que a corrupção e a fraude são fenômenos que independem das trocas de governo. Os golpes com dinheiro público sob investigação no País somam mais de R$ 5 bilhões e muitos casos ocorreram depois da posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em recantos da máquina pública que parecem impossíveis de controlar. Além disso, as irregularidades não poupam administrações do próprio partido do governo.

A distribuição muitas vezes indiscriminada de verbas e a falta de fiscalização são as principais causas do prejuízo estimado ao erário, que é equivalente a orçamentos como o dos Ministérios da Defesa, dos Transportes ou da Segurança Alimentar. "O sistema de controle é falho", reconhece o subprocurador-geral da República, José Roberto Santoro, responsável por grande parte das investigações sobre desvio de verbas feitas pelo Ministério Público Federal. "Efetivamente não temos um aparelho de Estado dotado para esses casos."

Ninguém no governo tem um mapa preciso de onde ocorrem as fraudes. Elas existem em todo o País, sendo mais freqüentes no Norte e Nordeste, nas áreas de saúde, transportes, previdência social, evasão de divisas e financiamentos públicos. Neste ano, só em Pernambuco, por exemplo, a Polícia Federal tem oito investigações em andamento sobre recursos desviados anteriormente da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), que recentemente foi ressuscitada pelo governo federal.

"Com a paralisação dos financiamentos, poucos casos relacionados à Sudene têm chegado à PF. Mas, em compensação, aumentaram os casos de desvio de verba pública por parte de prefeituras", afirma o superintendente da Polícia Federal no Recife, Wilson Salles Damázio. Segundo ele, isso também é um sinal de que o governo está aumentando a fiscalização. "O trabalho da Controladoria-Geral da União, do Ministério Público e das auditorias da Saúde contribuiu para que muitas coisas viessem à tona."

No Rio, autoridades estão investigando fraudes na Receita Federal que podem chegar, segundo o corregedor Moacir Leão, a R$ 250 milhões. Em Roraima, uma operação da PF detectou que R$ 300 milhões foram desviados para uma folha de pagamento fantasma, manipulada por deputados e autoridades. A investigação será ampliada para as obras públicas. "Há indícios de superfaturamento e pagamento de obras que não existiam", diz um investigador.

Outro ralo de dinheiro público foi achado no Departamento Nacional de Obras Contra a Seca (Dnocs). Quatro licitações que seriam feitas pelo órgão dariam prejuízo de R$ 480 milhões aos cofres públicos. A Controladoria-Geral da União conseguiu evitar que a verba fosse desviada, mas ainda luta para estancar outros dois grandes sorvedouros de dinheiro do contribuinte: a Previdência e o pagamento do funcionalismo.

SUS - No primeiro caso, estima-se que estão sendo pagos 143 mil benefícios indevidos ou irregulares, lesando o erário em R$ 270 milhões. No outro, R$ 500 milhões anuais continuariam sendo pagos a servidores com base em decisões judiciais que já teriam sido alteradas em instâncias superiores.

Segundo investigadores, as maiores fraudes ocorrem nas áreas da saúde, educação e transportes. No Piauí, administrado pelo petista Wellington Dias, só neste ano uma auditoria detectou desvios de R$ 15 milhões do Sistema Único de Saúde (SUS). "Estamos comprovando que há uma fraude muito grande neste Estado", confirma o chefe do Departamento Nacional de Auditoria do SUS, Paulo Sérgio Oliveira Nunes. "Há pessoas que estavam recebendo como médicos sem que o fossem."

Se o governo do PT conseguisse recuperar os recursos que estão sendo desviados neste ano poderia ampliar seus programas sociais. Daria para construir 210 mil casas populares ou bancar quase 40 milhões de crianças nas salas de aula. Mas, apesar de ter recriado a Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (Sudam) e a Sudene, o governo ainda não conseguiu recuperar os R$ 3 bilhões que foram desviados nos últimos anos só do Fundo de Investimento da Amazônia (Finam). Até hoje, muitos dos inquéritos abertos pela PF no Amazonas e no Tocantins para apurar desvio de verbas permanecem sem conclusão por um irônico motivo: falta de recursos para as investigações.

Edson Luiz
O Estado de S. Paulo

   
 
 
 

NOTÍCIAS ANTERIORES
20/10/2003 Brasil ainda é incapaz de evitar sumiço de seu patrimônio histórico e cultural
17/10/2003 Desempregados com 3º grau aumentam 120
17/10/2003 Número de cursos de nível superior dobrou em cinco anos no país
17/10/2003 Senado aprova programa 1.º Emprego
17/10/2003 Emprego industrial volta a crescer após 6 meses em baixa, diz IBGE
17/10/2003 Acaba greve do Banco do Brasil em 17 Estados
17/10/2003 Bancada do Nordeste reage e ameaça empréstimo a SP
17/10/2003 Benedita se diz inocente e rejeita devolução
17/10/2003 Ministro diz que Fome Zero é saúde preventiva
17/10/2003 Armazenar chuva é saída para poupar água
17/10/2003 Horário de verão começa à 0h de domingo