Depois de passar a terça-feira
comandando um protesto nos gramados do Congresso contra a
tabela atual do Imposto de Renda e articulando apoio político
para corrigi-la, o presidente da Força Sindical, Paulo
Pereira da Silva, prometeu uma grande mobilização
de rua em todo o País, já a partir de segunda-feira.
Ele aposta que a causa tem apelo popular porque, hoje, os
brasileiros trabalham 133 dias somente para pagar imposto.
"Teremos uma verdadeira guerra entre os trabalhadores
e o governo, porque o presidente Lula está usando o
mesmo argumento do Fernando Henrique para não mexer
na tabela do IR", previu o presidente da Força,
que pleiteia a vaga de candidato a prefeito de São
Paulo pelo PDT. "E tem que ser uma grande guerra mesmo,
porque todo governo gosta de meter a mão no bolso da
gente, seja ele de direita ou de esquerda como o PT."
Paulinho bateu à porta do Supremo Tribunal Federal
(STF) ontem mesmo. O objetivo é se armar para a batalha
jurídica contra o governo, caso haja derrota no Congresso.
"Nossa luta é aqui, no Congresso. Queremos deixar
a Justiça como último recurso, mas já
estamos fazendo consultas e pensando em uma liminar."
Antes de viajar para Salvador, para um encontro de magistrados
de todo o Brasil, o presidente do STF, Maurício Corrêa,
encarregou um assessor especial para atender e orientar os
sindicalistas que devem voltar ao Supremo na próxima
semana.
Andança - Em suas andanças pelo Congresso,
os sindicalistas foram recebidos pelos presidentes da Câmara,
João Paulo Cunha (PT-SP), do Senado, José Sarney
(PMDB-AP), e pelo relator da reforma tributária, senador
Romero Jucá (PMDB-RR). Em todas as conversas, Paulinho
insistiu na correção anual da tabela que já
acumula uma defasagem de 54% , de 1996 para cá, e frisou
que a carga tributária tornou-se insustentável
tanto para quem produz quanto para os trabalhadores.
Todos, inclusive o líder do governo no Senado, Aloizio
Mercadante (PT-SP), demonstraram boa vontade e prometeram
levar o assunto a exame do governo e das bancadas. Mas não
passou disso. Solidariedade, mesmo, Paulinho só obteve
do PFL do deputado Pauderney Avelino (AM), autor de um projeto
que propõe o reajuste, e do PSDB do relator da proposta
do governo na Câmara, Antonio Cambraia (CE). Entre os
governistas, apenas o senador Paulo Paim (PT-RS) antecipou
seu voto favorável.
CHRISTIANE SAMARCO
De O Estado de S. Paulo
|