Apesar da
situação crítica do Sistema Cantareira,
a Sabesp garante que o reservatório tem condições
de manter o abastecimento para 9 milhões de pessoas
durante pelo menos um mês, mesmo que não chova.
"Até os dias 20 ou 25 de novembro não haverá
racionamento", garantiu o gerente de Abastecimento da
região metropolitana de São Paulo, Amauri Pollachi.
O Cantareira perdeu de sexta-feira até ontem 1 ponto
porcentual de suas reservas. Estava com 5,6% de sua capacidade
de armazenamento, o mais baixo nível dos últimos
30 anos. Os recordes têm sido diários.
"Se esse nível fosse registrado há 60
dias seria considerado preocupante e as possibilidades de
racionamento seriam muito grandes", disse Pollachi.
"Agora não é, pois estamos na iminência
de chuvas fortes, do tipo que enche os mananciais."
Dados históricos coletados durante os 30 anos de existência
do Cantareira e de 63 anos de medições de chuvas
na região indicam que a recuperação do
reservatório começa em novembro. "Além
disso, o manancial possui uma reserva de água que dá
para sustentar o abastecimento, sem racionamento, durante
mais um mês."
O racionamento nos municípios abastecidos pelo Sistema
Alto Cotia, que começou na quarta-feira, voltou a ter
problemas no fim de semana. Alguns bairros de Itapecerica
da Serra que tiveram o abastecimento interrompido na quinta-feira
e deveriam voltar a receber água no sábado ainda
estavam com as torneiras secas ontem. "Acabou até
a água de chuva que recolhemos. Daqui a pouco, vamos
estar rodeados por urubus", brincou a dona de casa Maria
Madalena Pereira, moradora do Jardim Marilu.
Segundo a Sabesp, o problema foi causado por uma falha no
conjunto de bombas da Estação Elevatória
de Água de Itapecerica, no sábado. As altas
temperaturas também prejudicaram o abastecimento. "Como
o nosso rodízio começava outra vez no domingo,
emendamos cinco dias sem água", disse Ivonice
Batelana, de 27 anos, também do bairro. A previsão
da Sabesp de normalização é para hoje.
Chuvas
As chuvas que voltaram a cair ontem não alteraram o
nível da represa de Itupararanga, principal manancial
da região de Sorocaba. A água continua mais
de 7 metros abaixo do nível máximo.
Os serviços de meteorologia registraram índices
de chuva entre 8 e 22 milímetros na bacia da represa
nos últimos sete dias. Além de abastecer Sorocaba
e outros 4 municípios da região, Itupararanga
gera energia para a Companhia Brasileira de Alumínio
(CBA).
Segundo informações da empresa, as condições
já são as mais severas dos últimos seis
anos, sendo necessários cerca de 30 dias de chuvas
para que a represa fique cheia. A estiagem e a captação
de água para irrigação de lavouras afetaram
também os Rios Una e Sorocamirim, que formam o manancial.
Apesar disso, a captação de água para
abastecimento de Sorocaba e Votorantim continua normal.
MAURO MUG
e JOSÉ MARIA TOMAZELA
De O Estado de S. Paulo
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