GENEBRA
- Apesar de o governo afirmar que o Brasil conseguiu atravessar
as turbulências financeiras do final de 2002, a competitividade
do País sofreu uma queda, segundo o ranking publicado
pelo Fórum Econômico Mundial, com sede em Genebra,
por causa, principalmente, da dificuldade de acesso a financiamento
e da elevada taxa de juros. O ranking, composto por 102 países,
é montado pelo WEF levando em conta um série
de fatores como ambiente macroeconômico, qualidade das
instituições e o estágio da tecnologia
e da infra-estrutura.
Segundo a entidade, o Brasil passou de 52.º no ranking
de competitividade, em 2002, para 54.º. Entre os latino-americanos,
El Salvador, Uruguai, México e Trinidad e Tobago conseguiram
melhor avaliação do que o Brasil. Na região,
o Chile foi o mais bem colocado: 28.º, por causa do potencial
de crescimento econômico durável à médio
e longo prazo. Segundo explicações do Fórum,
o Chile se distancia do resto da região em crise e
se aproxima das economias mais competitivas do mundo. No topo
da lista está a Finlândia, seguida dos Estados
Unidos, Suécia e Dinamarca.
Segundo a avaliação, o maior problema enfrentado
pelo Brasil é a falta de acesso a financiamentos por
parte das empresas. Entre os 102 avaliados, o Brasil ficou
na 100.ª posição no que se refere às
taxas de juros em 2002.
No geral, as questões macroeconômicas isoladas
deixariam o País na 75.ª posição,
caso outros elementos não fossem considerados. Impostos
e ineficiência da burocracia também são
problemas indicados pelo relatório que estariam prejudicando
a competitividade do país. Outro critério que
contribuiu para a queda no ranking é o que se refere
ao crime organizado.
Dos 102 países avaliados, o Brasil ficou na 85.ª
posição nesse item.
Negócios
Apesar do desempenho sofrível e de ter sido superado
por economias como a da Namíbia, Tunísia, Ilhas
Maurício e Botsuana, o Brasil aparece bem posicionado
no índice de competitividade de negócios, que
mede a produtividade das empresas e o clima para investimentos.
Nesse ranking, o País conseguiu a 34.ª posição.
Outra boa posição foi obtida no índice
sobre a sofisticação das empresas, no qual o
Brasil aparece em 30.º lugar.
Em termos tecnológicos, o Brasil está em 35.º
lugar e, no ranking de investimentos externos, o País
é o 8.º colocado. Mas a melhor posição
obtida pelo Brasil foi no cálculo sobre o câmbio.
A desvalorização do real em 2002 colocou o País
na 3.ª posição em termos de competitividade
relacionada à moeda, o que ajudou a evitar uma queda
ainda maior no ranking geral.
JAMIL CHADE
Correspondente do jornal O Estado de S. Paulo
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