Uma espécie de "mamamóvel"
está prevenindo mortes por câncer no interior
de São paulo. O ônibus mencionado faz parte de
um projeto do Hospital do Câncer de Barretos, em parceria
com a Secretaria de Estado da Saúde e o Instituto Avon.
Ele percorre as periferias de 19 municípios da região
noroeste do Estado, realizando exames em mulheres carentes
de 40 a 69 anos, faixa etária de maior risco para câncer
de mama - o que mais mata a mulher brasileira.
O Ministério da Saúde estima que neste ano serão
diagnosticados 41.610 novos casos de câncer de mama,
com 9.335 mortes, aproximadamente um óbito por hora.
Nos últimos 20 anos, houve um aumento de 80% na taxa
de mortalidade desse tipo de câncer.
A maioria das cidades atendidas pelo ônibus, assim como
91% dos municípios brasileiros, não tem aparelhos
de mamógrafos disponíveis na rede pública
de saúde. Nos locais onde o serviço é
oferecido, a fila de espera para o exame é, em média,
de três meses.
De maio a setembro, 3.495 mulheres tiveram as mamas examinadas
dentro do ônibus - 43% delas fizeram a mamografia pela
primeira vez na vida. O resultado dessa busca ativa é
surpreendente: foram encontrados 35 casos suspeitos de câncer
e quatro confirmados. Nos dois casos, os tumores eram menores
de 2 cm e com gânglios negativos, situação
que propicia 96% de chances de cura.
O "mamamóvel" não é o primeiro
projeto do Hospital do Câncer de Barretos na área
de prevenção. Desde janeiro do ano passado,
um outro "ônibus-consultório" já
percorreu 83 municípios de São Paulo, Minas
Gerais, Mato Grosso e Goiás fazendo o diagnóstico
de câncer de colo uterino, de próstata e de pele.
Por dia são feitos 120 atendimentos.
O "ônibus-consultório" é equipado
de três diferentes divisões: uma sala para coleta
do papanicolaou, outra para consulta e biopsia de pele e outra
para coleta do PSA [exame de sangue que diagnostica câncer
de próstata] e toque retal. Além disso, há
ainda um centro cirúrgico para tratar os casos de câncer
de pele.
A exemplo do que acontece com o câncer de mama, o índice
de diagnóstico desses tipos de câncer entre os
moradores examinados é bem significativo.
Cláudia Collucci
Da Folha de S.Paulo
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