Bolhas de
ar nos canos de água estão deixando os moradores
das regiões afetadas pelo racionamento do Sistema Cotia
preocupados com as contas de água. No Embu, na Grande
SP, as bolhas fazem os ponteiros dos registros de água
girarem indicando maior consumo que o real. Segundo a Sabesp,
o movimento é normal. Mas os moradores suspeitam que
pagam pelo que não consomem.
A casa do mecânico Vilmar Perosa, de 50 anos, fica
na periferia do Embu, e por isso está recebendo água
com intervalos de 36 horas. Às vezes, até duas
horas antes da chegada da água, o ponteiro do registro
começa a girar marcando a entrada no líquido,
mesmo com as torneiras secas. Isso acontece porque, quando
o fornecimento é retomado, a água empurra o
ar que está na tubulação da Sabesp. Os
registros de água das casas são forçados
pelo gás e acabam marcando a entrada do ar como se
fosse água.
“Não é justo você pagar por alguma
coisa que não usou”, disse o mecânico.
Geraldo Nunes Costa, dono de uma venda, tem a mesma preocupação,
e por isso desenvolveu uma tática: fechar o registro
quando a água acaba e reabri-lo horas depois do horário
previsto para a retomada do fornecimento.
A técnica é usada por parte das lanchonetes
e restaurantes do centro do Embu. Mauro Boava de Oliveira,
funcionário de um desses restaurantes se queixa também
de que a água chega com cheiro quando o fornecimento
é reestabelecido. “Estamos usando água
mineral para cozinhar”, disse.
O prefeito do Embu, Geraldo Leite da Cruz, disse ter encomendado
estudos para municipalizar o fornecimento de água a
partir de 2005, devido aos problemas de abastecimento. Segundo
ele, o racionamento está deixando alguns bairros até
50 horas seguidas sem água.
Segundo Lineu Andrade de Almeida, superintendente da Unidade
de Negócio Sul da Sabesp, as bolhas de ar na tubulação
são normais e não aumentam a conta de água.
Da mesma forma que o registro marca a passagem do ar dos canos
da Sabesp para a caixa d'água das casas — quando
a água é religada —, ele registra o fluxo
inverso do gás quando o fornecimento é cortado,
segundo ele. Assim, o consumidor não sairia perdendo,
pois a conta ficaria equilibrada. Segundo ele, o volume das
bolhas de ar é de cerca de 7 litros em cada casa.
As informações são
do jornal Diário de S. Paulo.
|