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mercado
11/11/2003
Pequena e média empresas investem em pesquisa

Um dos principais entraves ao desenvolvimento científico e tecnológico do Brasil sempre foi a falta de investimento da maioria das empresas em pesquisas. Ao contrário de países como Estados Unidos e Coréia do Sul, onde o grosso desses investimentos vem do setor privado, no Brasil isso fica a cargo do Estado, das universidades e centros de pesquisa.

Aos poucos, porém, isso está mudando. Forçadas a competir num mercado globalizado, até mesmo pequenas e médias empresas estão apostando em pesquisa e tecnologia. Um exemplo é a Intermed Equipamentos Médicos Hospitalares Ltda., com cem funcionários e faturamento anual de R$ 30 milhões.

Há três anos a empresa resolveu dar uma guinada e aumentar o investimento em pesquisa. “Este ano vamos investir cerca 10% de nosso faturamento nessa atividade”, diz seu diretor de Pesquisa e Desenvolvimento, Jorge Bonassa. “É mais do que nossa média histórica, que é de 6%.”

Prêmio
O resultado foi o aumento de suas exportações, que passaram de US$ 41,3 mil em 2000 para US$ 1,2 milhão este ano. Além disso, hoje a empresa detém sete patentes. O seu produto de maior sucesso é um ventilador pulmonar, equipamento usado em UTIs para ajudar pacientes a respirar.

Aperfeiçoado com a ajuda do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), o aparelho, exportado para 23 países, recebeu na semana passada o Prêmio Design Museu da Casa Brasileira. Para conseguir isso, a Intermed contou com o apoio do Programa de Apoio Tecnológico à Exportação (Progex) do IPT. O objetivo do programa é ajudar as empresas, por meio de investimentos e assessoria técnica, a incorporar tecnologia a seus produtos visando ao mercado externo.

O Progex começou em 1999 em São Paulo, mas hoje é nacional, contando com a participação de outros institutos tecnológicos em mais dez Estados. Segundo a coordenadora da Área de Projetos Especiais do IPT, Mari Katayama, o Progex está ajudando a mudar a cabeça de parte dos empresários brasileiros. “Até há pouco eles não tinham a cultura de investir em pesquisa”, diz. “Mas isso está mudando. Aqueles que começam a investir nessas atividades não param mais. Os resultados são compensadores.”

Outras empresas estão seguindo caminho semelhante ao da Intermed. É o caso da Fanem Ltda., que fabrica equipamentos para UTIs neonatais e laboratórios. Historicamente a empresa sempre investiu cerca de 4% de seu faturamento anual em pesquisa e desenvolvimento, que em 2003 será de R$42 milhões. “Neste ano esse índice será de 6%”, afirma Djalma Luiz Rodrigues, diretor industrial da Fanem. “Atuamos num ramo que exige investimentos em pesquisa. Se não fizermos isso, seremos ultrapassados.”

O setor todo parece estar consciente disso. Segundo Rodrigues, que também é presidente da Associação dos Fabricantes de Produtos Médicos e Odontológicos (Abimo), as empresas desse ramo estão aumentando os gastos em pesquisa e desenvolvimento. “A média de dispêndios do setor com essas atividades vinha sendo de 4% do faturamento”, explica Rodrigues. “Em 2003, subiu para 5,3%.”

Não é pouco dinheiro. A Abimo reúne 269 empresas, que têm um faturamento anual conjunto de US$ 1,5 bilhão.

Conectores
Também atuando num ramo de tecnologia de ponta, a Fotonica Tecnologia Óptica Ltda., de Campinas, também elevou os gastos com pesquisa, de 5% para 10% de seu faturamento, de R$ 4 milhões. A empresa fabrica conectores que ligam equipamentos de transmissão de dados e imagens a redes de fibra óptica
e tem entre seus clientes a Rede Globo. “Para nós, investir em pesquisa é questão de sobrevivência”, diz o diretor da Fotonica, Walter Carvalho. “Ou a gente desenvolve soluções e produtos próprios ou
não tem futuro.”

Enquanto isso, companhias de maior parte estão indo mais longe. Além de investir, estão criando institutos de pesquisa privados. É o caso da Gradiente, que criou o Instituto Genius, com sede em Manaus, em 1999, quando a empresa estava associada à Nokia. Hoje as duas estão separadas e o Genius é independente,
tendo, no entanto, como principal cliente a Gradiente.

“Também desenvolvemos pesquisas e produtos para outras empresas, como a Siemens”, explica Régis Guimarães, consultor do instituto. “Estamos desenvolvendo softwares para TVdigital, sistema de reconhecimento de voz e um telefone celular nacional. Para isso, nosso orçamento este ano é de R$ 20 milhões.”



Evanildo da Silveira,
d o O Estado de S.Paulo.

   
 
 
 

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